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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Ser mulher

💋

07
Mar20

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Ser mulher é pensar a mil, é ter insónias e pensar que não se estendeu a roupa, é pintar uma unha de cada cor, é escolher um amaciador com cheiro a fruta. Ser mulher é complexo, são palavras cruzadas com pensamentos e emoções. É por creme nas mãos já gastas e secas. É ter dores nos joelhos e andar à pressa. É rir e chorar no mesmo dia. É falar e falar. Cuidar e cuidar. É incompreensão. 

 

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Mulheres audazes, que desbravaram mundos, mulheres que procuram o seu lugar, que vão à luta. Que morrem e renascem na fúria que sentem da injustiça. Mulheres coscuvilheiras e maquiavélicas, com risos cínicos e mortos por dentro. Mulheres fúteis vazias de pensamento crítico. Mulheres meninas e velhas ao mesmo tempo. Mulheres frustadas, doentes e moribundas. Mulheres de cara tapada, desportistas, intelectuais, camponesas, artesãs do mundo.

 

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Mulheresde ventre secundário, geradoras da vida, sangue com sangue, lágrima com lágrima. Olho no ombro, mão na mão, sopro de vida, morte geradora, túnel de reencontros. Placenta na alma, vida desencontrada, lugar esquecido, estigma da religião, serpente, maçã, impura, desconhecida, incapaz, resignadas, belas, feias, assassinadas, de Vénus, da Terra, do Mar. Tempestades de carne, portos de calor, fitas de seda, espinhos de roseira, perfume de vida. 

 

 

As ilustrações são de Michal lukasiewicz

 

Estrela luminosa

20
Nov18

 

Ilustração Paolo Domeniconi

 

Se eu um dia pegasse uma estrela iria colocá-la com muito cuidado junto à minha janela, para que ela iluminasse a minha rua, tal e qual como um brilho mágico de um pirilampo.

 

Noutras noites iria agarrá-la com muita força e transformá-la numa estrela cadente e surpreender-me com a velocidade com que iria andar pelos céus. Voltaria então a guardá-la à janela, ou quem sabe na porta no dia de Natal. 

 

Se eu estivesse muito triste ia deixá-la dormir comigo, para ter sonhos luminosos. Talvez a emprestasse a alguém que necessitasse de luz. Não sei. Talvez tirasse só um punhado de pó de estrela e metesse num saco de cetim e oferecesse para iluminar o seu coração. 

 

 

 

 

 

Conversas da escola - Versos perdidos

23
Jun18

 

Ilustração Lisa Aisato

 

 

Todas as manhãs 

acordo a sorrir.

Mas olho para o relógio

e só me apetece dormir.

Chego à escola

só me apetece brincar.

Mas toca a campainha

e para a sala começo a andar.

 

Então na sala 

e sento-me no meu lugar

oiço a professora que começa a explicar.

 

Toca a campainha

vamos todos lanchar.

Mas chegamos ao bar

e cansamo-nos de esperar.

 

Nesta escola gostamos de aprender

No nosso futuro 

de muito nos vai valer

 

 

 

 

Poema deixado ao acaso na biblioteca da escola...

 

 

 

 

Alice Alfazema