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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Daqui até ao Natal -14

01
Set24

IMG_20240831_091439.jpgEnumerar ou colocar num pódio aquilo que nos faz falta, pode nos facilitar a vida.

Interessante que à medida que elegemos apenas o excelente, o bom e o suficiente tiramos peso ao dia a dia e tudo se transforma, conservar amizades ou amores de carvão que apenas nos vão sujar ou queimar, conforme a ocasião, manter ao nosso lado gente que não festeja as nossas conquistas e os nossos esforços é como conservar roupa inútil num roupeiro apenas porque não sabemos o que fazer com ela. 

O pior das decisões é que elas envolvem muita dor. Assim, também, é o esforço imposto ao corpo numa corrida, no entanto, quando se corta a meta tudo se transforma, as emoções ao rubro percorrem o nosso corpo envolvendo todos os pedaços dos nossos músculos, foi preciso uma camaradagem conjunta de todos eles para o passo derradeiro, aquele que parece importar mais, que é a ultrapassagem da meta com sucesso, todo o peso ficou para lá do tempo, uma enorme reflexão através da respiração, sozinho acompanhado de si mesmo, assim é o atleta que procura e acha em si mesmo a força, é na ultrapassagem desse cansaço que a janela da alegria se abre. 

 

Verdade

Árvore de Natal

21
Dez22

agradecer.jpg 

Ilustração Adrie Martens

 

Sim, é verdade. Os homens escolhem ser metade

Dividem-se ainda garotos por influência

Esquecem rapidamente do todo que outrora foram,

e mergulham no espelho caduco das formas sociais

Brincar é a prova de amor entre diferentes,

e de tão apertados, enxutos, herméticos,

nascem completos

São uma única coisa, massa, sensação. Mas depois

dividem-se. Percebendo, querem de volta, e estão longe

 

Viver muito pode causar dependência

 

Poema Mayk Oliveira

 

Liberdade

Árvore de natal

16
Dez22

gaiolas.jpg 

Ilustração Anna Cunha

Um pássaro livre pula

nas costas do vento

e flutua rio abaixo

até a corrente parar

e mergulha suas asas

nos raios alaranjados do sol

e ousa clamar ao céu.

 

Mas um pássaro à espreita

em sua pequena gaiola

quase nem vê

por entre as grades de ira

suas asas estão presas

e seus pés estão atados

então ele abre sua garganta para cantar.

 

O pássaro preso canta

num gorjeio triste

sobre coisas que não conhece

mas ainda deseja

e seu canto é ouvido

na colina distante

pois o pássaro preso

canta sobre a liberdade.

 

O pássaro livre pensa em outras brisas

e nos ventos suaves entre as árvores que suspiram

e nos insetos que o esperam no gramado ao nascer

e ele chama o céu de seu

 

Mas um pássaro engaiolado permanece no túmulo dos sonhos

sua sombra grita um grito de pesadelo

suas asas estão presas e seus pés estão atados

então ele abre a garganta para cantar.

 

O pássaro preso canta

com um gorjeio triste

de coisas desconhecidas

mas ainda desejadas

e seu canto é ouvido

na distante colina

pois o pássaro preso

canta sobre a liberdade

Poema Maya Angelou

 

Diário dos meus pensamentos (35)

23
Abr20

vazio.jpg

 

Ilustração Nerina Canzi

 

O que podes fazer com o teu vazio? O que faz a praia com a maré vazia? O que faz o pintor com a sua tela vazia? O que faz o escritor com a folha fazia? O que faz o professor com o quadro vazio? O que faz o agricultor com um terreno vazio? O que faz o músico com a pauta vazia? O que faz o pescador com a rede vazia? O  que faz a abelha com a colmeia vazia? O que faz o pássaro com o ninho vazio? O que faz a concha vazia? O que faz o vaso vazio? O que faz a camisola vazia? O que faz a caneca vazia? O que faz a jarra vazia? O que faz o fotógrafo com a paisagem vazia? O que faz uma ponte vazia? O que faz a cadeira vazia? Já descobriste  qual destes vazios é o teu?