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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

#diariodagratidao 03-04-2019

03
Abr19

restos de praia 1.JPG

 

Hoje houve uma frase que o meu marido disse ao pai que me emocionou, já a tinha ouvido, mas hoje registei-a de outra forma, olhei para os dois juntos, tenho feito isto muitas vezes, pai e filho, da mesma altura, com o mesmo andar gingão, o filho com a mão sobre os ombros do pai. Olhei para o sol que se punha por detrás do edifício, para o caramanchão de hera verdejante, para as rosas e malmequeres amarelos, há alfazema à porta, algumas árvores floridas. Aquele é um lugar tranquilo e soalheiro. Os dois atravessaram a porta de entrada. Na porta um enorme papel a dizer: puxe.

 

- Vá lá pai, venha com o filho.

 

#diariodagratidao 11-03-2019

11
Mar19

Mão.jpg

 

Ilustração Irene Fioretti

 

É bom estar aqui neste mundo dos blogs do Sapo. É muito mais que escrita, é conversa, é afinidade, é simpatia e até preocupação, é carinho e emoção. É um mundo que nos escorre pelas mãos, que afaga velhos e novos. Há luas e sois, desertos e florestas, gente às vezes zangada, aflita, despreocupada, divertida, triste. É um mundo dentro de outro mundo. Aqui na nossa palma da mão.

Elogio

06
Mar19

Quem trabalha com o público sabe o quanto o elogio é desvalorizado. Eu que atendo milhentas pessoas raramente oiço elogios. O que oiço muito são reclamações. Parece-me que as pessoas não foram instruídas para ver o que de bom há em todo lado, ou então apenas se levantam para dar a sua opinião apenas naquilo que é menos bom, como se essa opinião fosse mais valiosa que a de dizer que isto está bem, que é bom. 

 

Já tenho dado elogios pessoalmente às pessoas que me atendem, e até a outros que atendo, nunca escrevi no livro dos elogios, não me lembro, talvez porque o mesmo devia de estar visível aos olhos de todos.  

 

No entanto já dei elogios por escrito, assim, no sítio onde trabalho tenho que fazer a minha auto-avaliação, antes esta avaliação profissional era feita todos os anos, agora é bienal, portanto temos que nos lembrar daquilo que se passou durante todo esse tempo, dizem-nos para apontarmos aquilo que se passa, fazermos um diário de bordo. Não concordo com a auto-avaliação, nem em concordarem ou não com aquilo que digo, pois o que para mim pode ser importante, para quem avalia pode não o ser, ou porque aquele lugar em que estou não é decisivo, ou porque as avaliações são sempre resultado das cotas que têm de dar. Para mim são precisos dez anos para subir na carreira, o que resulta em dez pontos, o meu mérito tem pouco a ver com isso tudo, como se pode comparar o meu trabalho com o do psicólogo da escola, e estamos os dois nas mesmas cotas. Este ano houve o aumento salarial do ordenado mínimo público, como já ouvi chamar, sendo assim só nos próximos dez anos terei outro aumento, o que é bom em termos de despesa com elementos da função pública.  Mas continuarei a fazer as auto-avaliações. 

 

Mas voltando ao livro dos elogios, no qual nunca escrevi, onde escrevo eu os meus elogios? Escrevo nas minhas auto-avaliações, ou seja naquele pedaço de folha que me pedem para referir "outros" que contribuíram para o bom desempenho do meu trabalho, quando penso ser relevante refiro o nome de colegas, e já o fiz várias vezes, fundamentando a minha opinião, porque penso que trabalho em equipa e se essa equipa resultou temos que dar o mérito a outros e não apenas ao nosso esforço. 

 

 

 

 

Uma pergunta por dia: Porque se elogiam tanto as pessoas depois de morrerem?

24
Set13

Elogiam-se os poetas e os não poetas depois de mortos. Como se os elogios desculpassem a inércia que lhe ofereceram em vida. Dizem-se coisas que nunca se disseram. Inventam-se temas e mais temas, como se aquela vida tivesse tido apenas um sopro. Hipocrisia.






Uma pergunta por dia até ao final do ano, quem quiser responder esteja à vontade.


Alice Alfazema