Árvores monumentais - Bôrdo-negro
Setúbal
Trago-te na minha vida como quem
escuta os passos musicais do tempo,
como as manhãs tocam a paisagem ...
Fiquei crucificado noutros gritos
noutras formas de amor mais verdadeiras
Eu sou irmãos o cego autêntico
ébrio demais da luz de outros caminhos
filho secreto de mundos que perdi
irmão de nada - depois de ter morrido
em cada ser humano que trazia
olhos de criança e mãos vermelhas
de sangue.
Dirás como trabalhamos em silêncio,
como comemos silêncio, bebemos
silêncio, nadamos e morremos
feridos de silêncio duro e violento.
Tens as mãos como as raízes
bebendo as coisas e o ar.
São regatos o que dizes
e o próprio sonho que pises
escreve-o teu nome a dançar.
Os poemas foram retirados de A Árvore, volume II, Primeiro fascículo.
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