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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Árvores monumentais - Bôrdo-negro

Setúbal

17
Ago21

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Trago-te na minha vida como quem
escuta os passos musicais do tempo,
como as manhãs tocam a paisagem ...

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Fiquei crucificado noutros gritos
noutras formas de amor mais verdadeiras
Eu sou irmãos o cego autêntico
ébrio demais da luz de outros caminhos
filho secreto de mundos que perdi
irmão de nada - depois de ter morrido
em cada ser humano que trazia
olhos de criança e mãos vermelhas
de sangue.

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Dirás como trabalhamos em silêncio,
como comemos silêncio, bebemos
silêncio, nadamos e morremos
feridos de silêncio duro e violento.

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Tens as mãos como as raízes
bebendo as coisas e o ar.
São regatos o que dizes
e o próprio sonho que pises
escreve-o teu nome a dançar.

 

Os poemas foram retirados de A Árvore, volume II, Primeiro fascículo.

Para pensar ler mais aqui.

 

 

Olhar sedutor

28
Dez20

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Fotografia Eric Deschamps

 

Eu gosto de me surpreender com aquilo que a Natureza nos oferece, de observar, mesmo através dos olhos dos outros, que a vida na Terra é um tesouro escondido à vista dos mais distraídos. 

É incrível como ainda conhecemos tão pouco sobre isso, todos os dias há quem descubra um pormenor diferente e partilhe esse momento. Não compreendo como se procuram novos mundos desconhecendo o seu próprio, nem que se pense ser desinteressante compreendê-lo e muito menos o desrespeito por aquilo que poderíamos usufruir se estivéssemos em harmonia. 

 

 

O "sorriso audível das folhas."

03
Nov20

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Ilustração Laia Albareda

 

 

Sorriso audível das folhas,

Não és mais que a brisa ali.

Se eu te olho e tu me olhas,

Quem primeiro é que sorri?

O primeiro a sorrir ri.

 

Ri, e olha de repente,

Para fins de não olhar,

Para onde nas folhas sente

O som do vento passar.

Tudo é vento e disfarçar.

 

Mas o olhar, de estar olhando

Onde não olha, voltou;

E estamos os dois falando

O que se não conversou.

Isto acaba ou começou?

 

Poema de Fernando Pessoa