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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Dia mundial do livro

23
Abr22

 

Ilustração e video Nerina Canzi

 

Em algum momento da nossas vidas já nos deparamos com um livro que nos fosse especial, que tenha valido a pena as horas que lhe dedicámos, não são os livros capazes de mudar os mundo no sentido físico, mas mudam as pessoas no sentido mental, não são os livros apenas objectos estáticos, ou dinâmicos, coisas voláteis, ideias tristes ou cientificas, são pedaços quânticos de determinado universo. 

#diariodagratidao 23-04-2019

23
Abr19

livros.jpg

 

Ilustração  Mar Azabal

 

Se eu pudesse havia de transformar as palavras em clava.
Havia de escrever rijamente.
Cada palavra seca, irressonante, sem música.
Como um gesto, uma pancada brusca e sóbria.
Para quê todo este artifício da composição sintáctica e métrica?
Para quê o arredondado linguístico?
Gostava de atirar palavras.
Rápidas, secas e bárbaras, pedradas!
Sentidos próprios em tudo.
Amo? Amo ou não amo.
Vejo, admiro, desejo?
Ou sim ou não.
E como isto continuando.

 

 

 

 

 

E gostava para as infinitamente delicadas coisas do espírito…
Quais, mas quais?
Gostava, em oposição com a braveza do jogo da pedrada, do tal ataque às
coisas certas e negadas…
Gostava de escrever com um fio de água.
Um fio que nada traçasse.
Fino e sem cor, medroso.

 

 

Ó infinitamente delicadas coisas do espírito!
Amor que se não tem, se julga ter.
Desejo dispersivo.
Vagos sofrimentos.
Ideias sem contorno.
Apreços e gostos fugitivos.
Ai! o fio da água , o próprio fio da água sobre vós passaria,
transparentemente?
Ou vos seguiria humilde e tranquilo?

 

 

 

Irene Lisboa

 

 

 

O livro

23
Abr17

 

Ilustração  Anna Pini

 

 

 

 

O mais singular livro dos livros
É o Livro do Amor;
Li-o com toda a atenção:
Poucas folhas de alegrias,
De dores cadernos inteiros.
Apartamento faz uma secção.
Reencontro! um breve capítulo,
Fragmentário. Volumes de mágoas
Alongados de comentários,
Infinitos, sem medida.
Ó Nisami! — mas no fim
Achaste o justo caminho;
O insolúvel, quem o resolve?
Os amantes que tornam a encontrar-se.

 

 

 

Johann Wolfgang von Goethe, in "Divã Ocidental-Oriental" . Tradução de Paulo Quintela

 

 

 

Alice Alfazema