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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Onde estou, para onde vou?

22
Abr17

Onde moras?

Aqui.

 

 

Onde fica isso?

Neste planeta.

 

 

Como se chama esse planeta?

Terra.

 

 

É bonito o teu planeta?

É.

 

 

Qual é a cor predominante no teu planeta?

Azul.

 

 

O teu planeta gosta de ti?

Sim.

 

 

Porque dizes isso?

Ele oferece-me a oportunidade de vida.

 

 

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

 

 

 

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.

 

 

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

 

Poema de Cora Coralina

 

 

 

Alice Alfazema

Da Terra

22
Abr14

 

Da Terra vem o sopro que torna os sons em música. Do sopro, destilado nos pulmões, vibram melodias, que saem através do ar quente que se espalha na água condensada que se liberta numa dança de sons. O bocal brilha coberto de ouro que vem das entranhas da Terra, o som vibra no espaço com o sopro que vem das entranhas do músico. 

 

Ao meu filho: beijos.

 

 

Alice Alfazema

O dia da Terra

22
Abr13

Os dias são todos da Terra, por ela passam os rios e os mares. O Sol e a Lua. O vento e a chuva. Relâmpagos. O calor e o frio. A morte e a vida. As cores e as flores. As árvores. Os peixes. As aves. As serpentes. Os linces. Os lobos. Os gatos. As osgas. As formigas. E os outros. E os outros.





O búfalo com chifres de prata

poisa no nenúfar 

no nenúfar do exílio

búfalo ou borboleta

 

Jorge Lauten



Alice Alfazema

Terra

22
Abr12

Ando por aí, vagueando sob o oceano, sob o rio ou sob a lixeira, alguns ignoram-me outros não me conhecem, gosto de ser livre e de voar, vivo na Terra.

 

 

O meu fruto já alimentou muitos animais. O pão feito com a minha farinha é castanho-escuro. As cobras e os lagartos gostam do meu tronco e a minha sombra é um regalo no calor do Verão.

 

 

Por mim passam águas mansas e águas bravias, moldam-me com o seu vai e vem, sirvo de abrigo e de barreira, uns dias sou forte, noutros desfaço-me.

 

 

Saio da terra e percorro montes e vales, muitos bebem de mim, às vezes sou grande, outras apenas um fio.

 

 

Trago alimento nos meus braços.

 

 

Cresço onde me apetece e vou para onde o vento me levar, dou colorido aos campos e alegria aos sonhos. Sou silvestre e tenho a textura da seda.

 

 

É a minha grande companheira, a minha protetora.

 

 

Muitos por cá passaram, nem todos sabem onde moram, no entanto, os que se esforçam, podem apreciar belezas que outros não conseguem alcançar, os que hão-de vir, agradecem aos que cá estão, pelo que de mim cuidaram, pelo que de mim deixaram.

Beijos, Terra.

 

 

 

 

Alice Alfazema