Debaixo do sol
Tenho em mim o cheiro dos dias de nevoeiro na praia, do cheiro da areia molhada, da maresia escondida. Recordo que quando o sol ultrapassa a nebulosidade, e os seus raios se encontram com a areia, o cheiro intensifica-se até o calor se instalar por completo, depois acabou, começa então o sabor a sal no ar. Os olhos habituam-se ao intenso clarear, à descoberta daquilo que havia estado escondido. No bote o homem sabe ao que vai, regressa da calada da noite, trazendo a madrugada consigo, fumando um último cigarro, aproveitando a solidão que lhe resta, pelo ar ecoam as sirenes dos navios a entrar e a sair da barra.