Hoje na hora do almoço fui beber um café, pedi um bolo miniatura para dar pompa à circunstância. Quando recebi o pedido fiquei tão contente com o efeito que pensei automaticamente, tenho de tirar uma fotografia para lhes mostrar. E quem são os lhes? São vocês que passam por aqui todos os dias, que me deixam comentários, que me acompanharam durante este mês de Novembro, que foi para mim um mês duro e de clausura forçada. Mês em que fiz parte dos números da listagem diária da DGS. Durante duas semanas tomei de assalto a sala, fiz do sofá a minha cama e o meu local preferido de passagem das horas. Tricotei uma camisola para espairecer os pensamentos. Os dias foram muito compridos, acompanhados de um sentimento de inutilidade permanente, agora parecem-me longínquos esses dias, como se o tempo tivesse tomado outra proporção. Eu que tanto prezo a minha Liberdade, vi-me privada desse bem tão precioso, diremos que é por um bem maior e que não tive grandes sintomas que me privassem de saúde física, estou grata por isso, mas esta doença para além das maleitas físicas faz-nos sentir o quanto somos insignificantes ou indispensáveis para aqueles que nos rodeiam. Todos os dias tive mensagens de ânimo, todos os dias tive pequeno- almoço na cama, almoços caprichados, jantares variados, café adoçado, bolinho, no entanto não pude compartilhar essa magia da troca de afectos. Eu que gosto de estar sozinha, de ter tempo para pensar e de fazer o que me apetece, e que há meses estou constantemente acompanhada, senti aquilo que julgo ser o verdadeiro sentimento de solidão, não porque não tivesse ninguém, mas porque me sentia abandonada por mim, com um sentimento de nulidade agarrada à pele.
Vai um cafezinho? Pago eu.
Fiquem bem.