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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

As coisas

31
Jan22

 

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As pessoas pensam que vivem mais intensamente do que os animais, as plantas e ainda mais do que as coisas. Os animais pressentem que vivem mais intensamente do que as plantas e as coisas. As plantas sonham que vivem mais intensamente que as coisas. Mas as coisas perduram e este perdurar é mais vida do que qualquer outra coisa.

Olga Tokarczuk, in Outrora e Outros Tempos, tradução Teresa Fernandes Swiatkiewicz

 

Micro contos - A tua vida apodrece ou ferve?

26
Mai17

Ilustração Tonya Engel

 

Estive a observar a água, deixei que fervesse até desaparecer, muitas bolhas explodiram, fizeram barulho e davam um ar de sua graça, transformaram-se em vapor, foram-se e o recipiente ficou vazio. Coloquei novamente água no púcaro e deixei ficar sem lume, sem nada, passaram os dias e a água apodreceu, deitei-a fora, já não podia mais com o cheiro.

 

 

Alice Alfazema

Visão

15
Mai17

 

Ilustração  Ofra Amit

 

 

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

 

 

 

Rubem Alves

 

 

 

 

 

Alice Alfazema