Sonhei que ia a conduzir um jipe, cheio de diplomas e leis, para o Algarve. Entreguei os tais papeis a um homem de cabelo grisalho que com uma voz estranha me deitava perdigotos para as bochechas. Não consigo me lembrar da sua cara, apenas que tinha vestido uns calções de banho às riscas e um pólo cor-de-rosa bebé. Entretanto a sua esposa chegou esbaforida, vinda das compras, trazia queijo e chourição para as sandes. Disse-me que não comia fiambre na praia e que usava protector solar do lidl, aconselhara-se na revista da Deco Proteste. Ainda bebi uma limonada fresquinha, feita com os limões lá do quintal e adoçada com o açúcar gamado no café do bairro. Depois fomos apanhar figos de pita, lingueirão e conquilhas. Apanhei um escaldão e fizemos imensos blocos para rascunhos.
Alice Alfazema