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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Uma caminhada por dia, nem sabe o bem que lhe fazia

03
Fev21

caminhar.jpg

Saí de casa ao escurecer, para esticar as pernas e desanuviar a mente. Não levo música, às vezes nem ando depressa, paro quando me apetece. 

O céu estava convidativo à contemplação, os pássaros davam as últimas chalreadas do dia, um mocho ou uma coruja começou a piar ao de leve, as árvores ficaram com sombras fantasmagóricas. As casas pareciam mais sóbrias à medida que aumentavam as zonas escuras. O cinzento tomava conta de tudo, e em todos os tons. 

Vejo que as giestas continuam lindas, com cachos de flores delicadas, deixando um perfume inebriante no ar, o exotismo da caminhada é desvendado a cada passo, numa calçada portuguesa em direcção à noite. Ao fundo o Castelo iluminado, como se fosse um farol, fico a vê-lo, encantada com aquela luminosidade dourada. 

 

Meu castelo desengonçado

13
Dez14

castelo.JPG

Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!

Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre um mar de bruma...
- Tantos escolhos! Quem podia vê-los? –
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!

Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...

Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...
Sobre o meu coração pesam montanhas...
Olho assombrada as minhas mãos vazias...

 



Florbela Espanca

 

 

Alice Alfazema