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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

"Lavamos as mãos para evitar certas palavras"

19
Set20

piano.jpg

 

Olhamo-nos nos olhos pela internet.

 

Eu transmito-te este domingo à tarde,

a voz do vizinho através da parede.

 

Tu transmites-me a distância que existe

depois do que consigo ver pela janela.

 

Durante a noite mudou a hora e, no entanto,

continuamos no tempo de ontem.

 

Como é raro este domingo, não podemos

garantir que amanhã seja segunda-feira.

 

O futuro perdeu-se no calendário, existe

depois do que conseguimos ver pela janela.

 

olhar.jpg

 

 

O futuro diz alguma coisa através da parede,

mas não entendemos as palavras.

 

Lavamos as mãos para evitar certas palavras.

 

E, mesmo assim, neste tempo raro, repara:

tu e eu estamos juntos neste verso.

 

O poema é como uma casa, tem paredes

e janelas, é habitado pelo presente.

 

Olhamo-nos nos olhos pela internet,

estamos verdadeiramente aqui.

 

O poema é como uma casa,

e a casa protege-nos.

 

 

Poema de José Luís Peixoto, 29 de Março de 2020

 

As ilustrações são de Eiko Ojala

 

 

 

Dezembro - Dia 18 - Casa

18
Dez19

janela.jpg

 

Ilustração  Ann December

 

A tua casa é o teu mundo primário, o teu ninho, o teu porto de abrigo. Se isso não acontecer, sai daí, e procura outro lugar. Não fiques onde estás doente. Constrói de novo, como fazem os pássaros a cada ano, não penses em demasia, no tempo da construção, constrói sempre, mesmo que esteja a chover, ou vento, ou dia de muito sol. Depois descansa. Aproveita. 

#diariodagratidao 03-01-2019

03
Jan19

Ilustração Evan M. Cohen

 

Hoje foi um dia de muito frio, fiquei gélida no meu trabalho, bebi muito chá para me aquecer durante todo o dia. Estava tanto frio dentro do bar que era quase como se tivéssemos na rua, ou no calor da Rússia. Quando dei por mim a entrar em casa fiquei grata por sentir o calor e o conforto, e de me poder esticar no sofá e enrolar-me nas mantas.