Há caminhos
que percorremos a dois, num só corpo
Fotografia Andrzej Berłowski
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Fotografia Andrzej Berłowski
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
Poema, Pedra Filosofal, de António Gedeão
Alice Alfazema
Ilustração Alberto Ruggieri
Existem passos difíceis de dar, outros demasiado fáceis, outros que são impossíveis. Alguns dependem da vontade, outros das circunstâncias, outros das oportunidades. Caminhar a passos largos exige equilíbrio e destreza. Caminhar curvado demonstra que o caminho nem sempre é fácil. O caminho e os pés coabitam nas mesmas emoções.
Alice Alfazema
Como se no mar as ondas
não se arqueassem o bastante.
Como se na terra as pedras
não se elevassem o bastante.
Como se no ar as nuvens
não rodassem o bastante.
Como se o azul planetário
não fosse o longe bastante.
Dançam.
Fiama Hasse Pais Brandão
Alice Alfazema