Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Ilustração Sylvie Bulcourt
Se eu pudesse contar as saudades, não saberia dizer o número certo, porque me perderia. Saudades de mim, saudades do tempo, dos risos, dos afectos, daqueles abraços sedosos e do cheiro da casa cheia, da canela e do açúcar amarelo, do cheiro do café acabado de fazer, quente como o coração da gente.
às vezes basta
uma palavra
uma flor ou apenas uma pétala
um sorriso
o voo rasante das gaivotas
não sentir e não me importar
uma colher de arroz-doce, mas com a parte da canela
o cheiro a mar
uma pinta na folha
o frio da pedra e o quente de uma respiração
o fumegar do café
importar-me com o teu sentir
o lápis de cor amarela, para pintar o sol
aqueles teus fios de música que fazem estremecer
uma impressão, mesmo que vaga, de felicidade
o ondulado negro
a lembrança sempre presente de ti
para a vida prosseguir
Poema de Isabel Pires