Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Dia Mundial dos Animais

2020

04
Out20

supersuper.jpg

 

Neste Dia Mundial dos Animais, dia esse que é assinalado deste o princípio dos anos trinta do século passado, há que reflectir o quanto temos influenciado a vida destes seres que nos acompanham neste planeta. Nós humanos somos um predador de topo, mas temos muito pouco em comum com os outros predadores de topo. Pois a diferença, é que agimos não pela sobrevivência, mas pela ganância, pela vingança, e pela inconsciência daquilo que é viver em comunidade. Somos os únicos com voz activa e comprometedora na vida de todos os outros. Pensamos e actuamos como sendo os mais inteligentes exactamente por causa disso. No entanto, se  quisermos saber realmente a verdade  e nos interessarmos por conhecer o verdadeiro mundo animal, podemos verificar que há muito mais equilíbrio nele do que no nosso. Um animal mata para sobreviver, e até nisso o faz com zelo, procurando comer aquilo que precisa. Não destrói o seu habitat, pelo contrário mantêm e cuida, pois todos têm um lugar funcional nesse equilíbrio. Todos são úteis e preciosos. Diferentes mas compinchas do ecossistema natural. Quando há uma variação nesse sistema existe um esforço grande na sua adaptação.

Estamos cada vez mais pobres na medida em que se destroem florestas, rios, mares, oceanos...sítios esses que são a morada de muitos animais, e fazemo-lo conscientes, num gozo maquiavélico de destruição maciça. 

Hoje neste dia do animal, dia dos que não têm voz humana, mas que nos ensinam tanto, considero que também é um dia para agradecermos aos activistas e cientistas que nos dão a conhecer esses mundos, muitos ainda por desvendar. 

É também dia de relembrar o tempo em que estivemos em confinamento e que pudemos verificar que precisamos mais deles, do que eles de nós. É tempo ainda de relembrarmos as águas límpidas de Veneza, do som dos pássaros em Paris, do avistamento de golfinhos onde há muito tempo não apareciam, do colorido dos flamingos que invadiram Mumbai e de tantos outros exemplos que tivemos oportunidade de verificar através de imagens, e que fizemos tudo isso com uma admiração de criança. 

Quero muito acreditar que ainda há espaço para uma mudança de mentalidades, considero que as gerações mais novas estão na posse de conhecimento para exercer essa mudança. 

 

A falta de resposta também é uma resposta. 

 

 

 

 

 

 

O meu cão

Ginjas

11
Jun20

103978768_692885824882081_7613209847524780172_n.jp

 

O meu cão não é obediente, mas eu também não quero que ele seja obediente, gosto dos seus ataques de fúria quando está chateado, da forma como anda sem dar cavaco a ninguém, do modo meigo quando está interessado na comida que temos à mesa. Quando não gosta de uma pessoa não há nada a fazer, mas quando gosta ama até ao infinito. Sabe quando estamos tristes e vem-nos confortar, sabe quando vamos sair para trabalhar, quando estamos doentes, quando é hora de ir dormir e de não ladrar. É sempre uma alegria para ele quando voltamos a casa, mesmo que tenha passado apenas trinta minutos. O seu amor é genuíno e despreocupado. Não gosto do termo animal de companhia, nem de animal de estimação, mas gosto de dizer o meu cão, tal como digo o meu amigo, ou a minha prima, é como família, sem sermos do mesmo sangue ou da mesma raça, temos amor um pelo outro, nunca poderia ser de companhia ou de estimação, isso diz-se quando se paga a alguém ou quando falamos de um objecto. E às vezes fico a olhar para ele e de forma deliberada guardo essas memórias, e vejo que envelhece a uma velocidade diferente da minha, talvez por isso ele saiba que não merece a pena andarmos zangados, nem acumularmos rancores, as zangas devem de ser rapidamente resolvidas, pois o tempo urge e há que fazer dele aquilo que nos dá mais alegria. 

 

Crónicas de um cão em tempos de quarentena

23
Mar20

ginjas o cão.jpg

 

Já lá vão uns dias disto, agora tenho um maior acesso ao sofá, e às vezes por distracção a uma cama, também tenho comido mais petiscos que o costume, pois agora há sempre gente em casa. Tenho utilizado bastante o meu truque de começar a tremer para que a malta me dê mais biscoitos, o problema é que os biscoitos estão a acabar. Mantenho-me mais em alerta e pratico mais exercício físico, não, não são passeios com os donos! É mesmo andar de um lado para o outro a ladrar e a vigiar, assim sempre que passa alguém ladro, há que saber que isto aqui não está entregue aos bichos. Tenho tido cuidado com as correntes de ar, porque agora as janelas estão quase sempre abertas, há que arejar, oiço dizer. Os miúdos estão todos em casa, o prédio está ao rubro de ruídos, eles pensam que eu não oiço, mas eu sei de tudo.   

 

Ginjas, o cão mais lindo do prédio (e único). Saudações caninas.