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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Incógnita

18
Nov20

chá.jpg

Ilustração Marcin Piwowarski

 

Ela bebia um chá, mas era um chá totalmente diferente de todos os que existiam por aí à venda. Não se encontrava em lado nenhum e era impossível conseguir a receita, nem havia fábrica ou farmacêutica que fosse capaz de o produzir. Não havia nenhuma montanha, vale, prado ou bosque, em que nascesse tal planta, nem sequer haveria planta. Mas que chá era aquele? Que mesmo sem água ou planta lhe aconchega o ânimo? 

 

Liberdade

02
Nov19

liberdade.jpg

Ilustração Scott Kahn

 

 

Escrevo este texto no dia 20 de Outubro de 2019, é Domingo e está sol, ontem foi um dia de chuva intensa. Hoje o dia amanheceu luminoso, manso e fresco, levantei-me e tomei o pequeno-almoço em casa, nada de especial, pão com queijo-fresco de ovelha e um sumo de frutos vermelhos. Fomos depois beber um café à beira-rio.

 

Estou agora em frente ao rio, num sítio tranquilo e cheio de árvores, sento-me enquanto bebo o meu café, à minha frente o rio brilha, com aquele brilho de felicidade, algumas pessoas andam a remar em pequenos barcos ou nas pranchas praticando desporto e usufruindo daquele espaço, na praia um homem enche baldes grandes com água do rio e carrega-os para dentro duma carrinha, uma mulher corre atrás do cão, as gaivotas assistem impávidas e serenas, um outro homem tira água de dentro de um bote, prepara-se para ir para a pesca, a esplanada vai-se enchendo de gente.  Todos falam baixo, consigo ouvir as folhas secas a baloiçar com o vento. 

 

Vejo, então o verde da Serra, as árvores e as rochas cravadas naquela terra vermelha, ao longe uma curva com a cidade, o rio que brilha intensamente, sinto em mim todo aquele fluir, o azul das ondas, a maré vazia, a terra vermelha, o céu límpido, a outra margem do rio, as gaivotas que voam, o motor do barco, o sabor do café misturado com o açúcar, as pessoas que falam tranquilamente. A paz da manhã. 

 

Sou então uma privilegiada, que aprecia o rio e o espaço à minha volta, sem medos, nem fome, nem guerra, podendo estar, sem pensar em ir - isso é Liberdade. 

 

 

 

Escrevi este texto para definir Liberdade, quem mo pediu foi a MJP, do blogue Liberdade aos 42, a quem agradeço o convite. É, também, interessante e enriquecedor vermos o modo como cada um perspectiva a Liberdade e o que podemos aprender com a experiência do outro.

Obrigada MJP

 

 

Follow friday - Pimenta e ouro

30
Jun17

Poema ilustrado

28
Dez15

Às vezes recebo comentários em forma de poemas. Hoje vou ilustrar um desses poemas, que foi um comentário ao meu post Mundos. As fotografias foram tiradas por mim no dia de Natal.

 

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De onde venho não sei
Pra onde vou eu sei lá
Na maré vazia caminharei
Sempre do lado de cá

 

natal2.JPG

 

 

Saber tudo de nada
E saber de nada convém
Na maré cheia a caminhada
Do lado de lá também

 

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Somos gota no universo
Nas asas do sonho voando
Aterrando em lugar nenhum

 

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Escutando o silêncio disperso
Desse novo ano chegando
Que não seja apenas mais um.

 

natal5.JPG

 

Termino com uma planta renascendo, talvez uma orquídea silvestre, é uma vida que cresce para celebrar um novo ano. Tranquilamente saboreando a aragem marítima e o aroma da Serra. Esticando-se para o Céu e dando graças ao Sol pelo verde que lhe veste o corpo. Lambe o orvalho que ficou da Lua e cresce, cresce, tranquila.

 

O poema é do Poeta Zarolho. Obrigada pelo poema. 

 

Alice Alfazema