Ilustração Gil Robles
Estava eu, num domingo de manhã, numa grande superfície comercial, sozinha, repito sozinha, diante de umas quantas caixas de bananas, mais de quinze caixas grandes, cheias de cachos de bananas já amarelas, havia algumas verdes, mas poucas.
Portanto... estava eu, sozinha, diante das bananas, dou uma olhadela pelos cachos e escolho uma caixa, já tenho um saco aberto na mão, deito a mão à caixa e pego um cacho, na minha casa come-se banana a rodos, mas saem-me apenas três bananinhas pegadas, coloco-as no saco e preparo-me novamente para jogar a mão ao resto do cacho...
Mas, eis que uma mão vinda não sei de onde me rouba o cacho que eu ia pegar. E o que é que eu faço? Isto sai-me automaticamente da boca: Ai, ai, aiii! Assim como quem ralha com miúdos, quando os apanha a fazer travessuras. A senhora sai do seu transe da banana mais madura e boa, e doce, e coisa e tal e tal... ainda com a mão esticada e olha para mim. Olho para ela e enfrentamo-nos por breves segundos. Ela desvia o olhar e recolhe o cacho rapidamente junto ao corpo, fugindo de seguida para uma balança longe dali. Sigo-a com o olhar, como num filme do faroeste. Volto, então novamente à minha missão e retiro mais umas quantas bananas da mesma caixa, fecho o saco e preparo-me para ir até à balança, mas assim que deixo o meu lugar vazio, eis que nova senhora se aproxima da mesma caixa e joga a mão a mais outro cacho. Conclusão: sou uma influenciadora de bananas.
(a imagem representa o meu olhar mais terrifico, quando se trata de bananas)
Alice Alfazema