A Associação Ambientalista Quercus denunciou o abate ilegal de “pelo menos mil azinheiras”, na Herdade do Ramalho, no distrito de Portalegre, para dar lugar a um olival intensivo. Contudo, o presidente da associação, João Branco, garante que esta situação é “recorrente”, afirmando que no Alentejo se está a “destruir a floresta para dar lugar a produções intensivas”.
Sobre as denuncias referentes a uma herdade situada no concelho de Sousel e Avis, o dirigente diz que “nós obtivemos denúncias a partir de testemunhos de pessoas da região que tiveram conhecimento de que estava a ocorrer essa destruição da floresta”, algo que “parece que naquela zona é recorrente e já não é a primeira vez que acontece situações do género”. Após estas denuncias “nós confirmamos as informações com base em fotografias aéreas em que se vê perfeitamente a situação anterior, com o coberto das árvores e depois a situação a seguir, após a preparação mecânica do terreno”.
Assim, “confirmando a desflorestação, fizemos queixa a várias entidades, ao ICNF [Instituto de Conservação da Natureza e Florestas] à Comissão de Coordenação da Região Norte e à GNR e agora estamos a aguardar que essas entidades façam os respetivos autos e investiguem a situação”, refere João Branco.
Relativamente ao número de azinheiras cortadas, “nós apontamos que tenham sido destruídas pelo menos mil azinheiras adultas e nós sabemos que isso foi para desenvolver plantações de olival intensivo”. O que, “não é novidade para ninguém no Alentejo, principalmente para quem vive nessa região, que isso está a acontecer em larga escala”, afirma o presidente da Quercus.
Além de estarem “a ser destruídos montados de sobreiro e de azinheira, para instalar os olivais intensivos”, João Branco explica que “muitas vezes fazem as plantações à volta das árvores e depois com o tempo, com as passagens dos tratores, etc., as árvores acabam por morrer”.
No seu entender, isto acontecer “porque os grandes empreendimentos que querem instalar os olivais intensivos, querem arrancar de lá as azinheiras e os sobreiros”, pois “são árvores protegidas” e isso “cria-lhes uma série de condicionantes na exploração do olival”.
Neste sentido, e para evitar situações semelhantes, “a Quercus defende que face à gravidade da situação, porque isto tomou proporções alarmantes, seja criada uma licença prévia que os empresários tenham que pedir para depois serem autorizados a fazer a plantação do olival”. Isto “faria com que houvesse uma visita ao local das autoridades competentes” que “verificasse se a plantação de olival vai destruir ou não locais de sobreiro e azinheiro”, com ideia a “poder proibir essas plantações de destruir a floresta”.
No que diz respeito às consequências para os terrenos e para o Alentejo, João Branco afirma que “desde logo há uma destruição da identidade da região”, onde “a paisagem do Alentejo são os montados, não são os olivais intensivos, embora também tenha olivais tradicionais”. Por outro lado, “os montados são dos ecossistemas com maior biodiversidade do mundo”, por isso “o que se está a passar no Alentejo é a mesma coisa que se está a passar na Amazónia”, que é “destruir a floresta para dar lugar a produções intensivas”.
Com esta denúncia mais recente, João Branco espera “que haja aqui uma atuação exemplar por parte da Justiça, para dar um sinal aos outros proprietários que não podem fazer este tipo de ação impunemente”, uma vez que “é proibido em Portugal destruir as azinheiras e os sobreiros”.
Texto e fotografias retiradas do Jornal Diário Campanário