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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

E tu já pintaste uma tela?

06
Nov23

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A liberdade é agora quadrada, assim como quadrado é o tempo, as madrugadas de hoje são planas e dos botões quadrados escorregam letras que se fazem palavras, agrupadas ou separadas por virgulas e pontos, com exclamações e interrogações, fervilham lentamente pelo cosmos da luz azul, relembrando velhas lendas, criando demónios, cascatas de vozes proferidas em silêncio, nem no cérebro, nem na boca, apenas na planície cálida invocada num expirar de utopia, navegando, navegando sem sair do lugar.

Espezinhando as vozes que não se adivinham, loucura sem som, como um louco divino sem corpo. Indo e vindo no chumbo cinzento de um fim de dia desigual tão transparente que murmura no lamacento quotidiano sem grande propósito. O final quadrado que começa quando acaba. 

Que tipo de notícias poderiam alterar a situação de insegurança mental que se vive atualmente?

27
Out23

Diz-se constantemente que vivemos na era da informação, contudo a desinformação atinge patamares mais elevados que a própria informação, desde as falsas notícias à notícia constante de imagens de guerra e relatos repetidos até à exaustão dos cenários de guerra, as capas de jornais e as aberturas dos telejornais raramente fazem relevo às boas coisas que se passam pelo mundo, não existe neutralidade naquilo que é difundido, parece-me ser uma carnificina literária, até que ponto estas notícias, e a sua banalização diária,  influenciam a nossa saúde mental? A forma como vemos o mundo? Ou a influência que isso pode ter no nosso futuro colectivo como espécie? Já que de uma forma ou de outra os órgãos de comunicação também têm a função de educar (fazer adquirir conhecimentos e/ou competências). Ou nas negociações para a Paz? Há quanto tempo não se houve falar sobre negociações para a Paz? Que tipo de jornalismo e de  lideres temos que se resumem ao diz que disse e ao faz que fez, está tudo formatado, tal como souvenirs de Fátima feitos na China.

 

m-u-n-d-o

reta final de 2023

15
Out23

Aos dias de hoje, o acesso à informação é fácil, tão fácil que qualquer um pode ser portador e disseminador de informação, quer seja ela verdadeira ou não.

Das opiniões que podemos filtrar em comentários nas redes sociais, verifica-se que grande parte do conteúdo neles existentes dizem respeito "a palavras frontais e a sinceridade extrema", sabendo que a sinceridade extrema pertence à visão própria de cada individuo, àquilo que experienciou, às suas crenças e valores é difícil chegar a consensos.

Não me parece que estejamos mais civilizados, parece-me sim que estamos todos numa imensa e global arena de combates sinceros e sangrentos, tudo isto em dois mundos ao mesmo tempo.

Se por um lado esgotam-se os recursos naturais em nome do deus economia, por outro lado mata-se em nome de deus, não havendo qualquer problema em morrer, porque deus irá acolher os seus fiéis.

Por todo o lado a existência de deus é a arma ideal para explicar a mais delicada das situações, com isso se explica a paz, mas também se explica a guerra, na súmula deus ordena e o individuo faz acontecer. Acredita-se tanto no invisivel que todos os sentidos (visão, tacto, olfato, audição, paladar) são elevados à inesxistência.

Há uma utópica recompensa na morte.

Não apenas na morte das pessoas, mas na morte da natureza e dos animais, na destruição do planeta, na destruição da paz.

Há vida na guerra.

Na guerra tudo é possível, até a recompensa para além morte.

Na guerra fazem-se fortunas, amamentam-se poderes infindos sobre os outros, os frutos da guerra são, destruição, sangue, raiva, desilusão, pobreza, fome, doença, órfãos, terra queimada, mesmo que não se morra no corpo, morre-se no espírito, morre-se no sonho, morre-se pela dor naquilo em que se acreditou.

Investir na guerra é o poder supremo de qualquer manipulador, que a guerra não se resume apenas a balas e outros artefactos bélicos, mas a todas as acções praticadas com a intenção de ter poder sobre o outro, nas guerrilhas quotidianas através de teclados, de frases vestidas de sinceridade e assumidas como directas, na cinzenta tomada de decisão pessoal de magoar sem ter sido dada a permissão.

Na coisa do género com a qual nos identificamos, na baralhação mental deste mundo bizarro, na loucura da transformação ao minuto da sociedade e do indivíduo na sua tomada de decisão.

A paz exige inteligência, diálogo, tempo e vontade. Estamos longe disso. 

A guerra gera altos negócios, poderes (minúsculos, pequenos e grandes), audiências, coisas mais apetecíveis aos dias de hoje na ânsia de deixar rastro em todas as suas dimensões. 

 

Olhar

25
Jun23

pensando.jpg Ilustração Prudence Flint

Há quem diga que o futuro é para a frente, mas e se o futuro vier de trás? É o que acontece quando reconhecemos nas notícias que hoje ouvimos - as vozes do passado.

Era suposto chegarmos a algum lado incomum, mas parece que a fita deste filme rebobina vezes sem conta, no essencial a guerra, as mentiras, o vício do poder, a acumulação de dinheiro, a destruição do planeta.

É primavera, verão, outono e inverno, é dia e noite, é nascer e morrer e vamos pior do que chegamos, dá a sensação que foi inútil, isto não é viver é sobreviver, e o que ficou por fazer nas palavras e nos actos.