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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

No tronco

05
Nov16

 Ilustração  Manuel Menchén Ozaita

 

Deixei-me ir pelo tronco acima, debaixo das minhas patas o musgo estava escorregadio. Senti no ar o delicioso aroma da manhã. O orvalho brilhava através dos pequeninos raios de sol. Uma lagartixa ainda dormia aconchegada no que restava do frio da noite. Equilibrei-me no tronco e espreguicei-me. Senti cada músculo vibrar e deliciei-me novamente com as cores da manhã. Saltei do tronco e fui procurar o que comer. À minha volta árvores espreguiçaram-se, ervas curvaram-se diante de mim, um rato fugiu-me, um coelho acenou-me, cansei-me e deitei-me ao sol de barriga para o ar, que a manhã já ia alta. Adormeci.

 

 

Alice Alfazema