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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

#diariodagratidao 18-01-2019

18
Jan19

 

Ilustração  Johanna Wright

 

Nos dias em que estou a trabalhar costumo ir beber café a um estabelecimento que fica perto da escola. A esplanada tem uma vista fantástica. O café é bom e a sopa maravilhosa. Por vezes aquilo parece o polivalente da escola. Mas há dias mais calmos, hoje foi um deles. Já conheço os donos do estabelecimento há uns anitos, a senhora trata-me pelo nome adicionado pelo inho. É sempre atenciosa, nunca tem uma má resposta. É cinco estrelas. 

 

Como já disse há sempre muitos miúdos por ali, comem e bebem na galhofa. No entanto, há algo curioso, para aqueles que trazem comida de casa a senhora aquece-lhes a comida, trata-os como os outros clientes, uns bebem um sumo, outros nem isso. Hoje não estava lá a tal senhora, estava o genro e a filha, mas os hábitos são os mesmos. Aqueceram o comer de quem o levou de casa. E eu pensei, que gente generosa.

 

Hoje estou grata por poder assistir a actos que nem toda a gente tem a capacidade de ter para com o próximo.

 

 

 

 

 

 

 

A luz que ilumina a nossa sociedade

10
Dez18

 

Ilustração May Ann Licudine

 

 

É Dezembro, está sol e estão duas mulheres à minha frente, ainda não têm quarenta anos, o filho de uma tem doze anos, a filha da outra dez. Falam dos jogos eletrónicos que os filhos jogam. Eu oiço. Enquanto bebo o meu café observo como falam e como riem. Estão descontraídas. "Eles divertem-se com aquilo, falam online e têm nomes de código", diz uma, "sim, ontem a minha estava chateada, porque não conseguiu acabar o jogo, mas disse-me "mãe ainda consegui matar três pessoas". 

 

E eu fiquei ali a pensar, matar pessoas passou a ser um divertimento, mesmo que seja apenas um jogo, como se fosse algo de irreal, que só acontecesse no mundo virtual. E fiquei também a pensar que tipo de sentimentos crescerão nas mentes destas crianças. 

 

Talvez cresça a bondade em época de Natal, o altruísmo para uma fotografia, a partilha de algo em troca de outra coisa, o voluntariado para o currículo...