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Fotografia IX – Octopus vulgaris (Cuvier, 1797), Sesimbra| Autoria: © João Pedro Silva
Entre os animais que encontramos mais frequentemente debaixo de água, os polvos serão provavelmente os mais inteligentes. E cada polvo é diferente, tem personalidade, uns mais curiosos, outros mais tímidos, uns temerosos e outros assustadiços. Este em particular, tem uma história. Eu estava a fotografar pequenas lesmas marinhas (nudibrânquios) quando senti algo a envolver-me o braço e a puxar lenta mas firmemente. Olhei para o lado e vi um grande polvo, talvez no fim da sua curta vida, a largar o meu braço e a mover-se para a minha frente. E parou. Nesse momento, alterei a configuração da câmara e a posição dos flashes e tirei duas fotografias. E tão lentamente como chegou, começou a afastar-se. Fiquei com a nítida sensação de que me tinha pedido para o fotografar.
É muito gratificante aprender algo novo, e para mim é sempre surpreendente a partilha desse conhecimento. Então, deixo-vos aqui uma sugestão para que conheçam a nossa vida submarinha, com fotografia e textos de João Pedro Silva. Trata-se de uma exposição virtual, onde cada fotografia é acompanhada de um texto explicativo sobre a mesma. São recortes feitos em vários pontos da nossa costa, onde o colorido nos encanta na descoberta de pequenos mundos secretos. Podem ver toda a exposição fotográfica na revista Naturæ digital.
Naturæ digital é uma revista de cultura científica com acento tónico na biodiversidade, na ecologia e nas alterações climáticas, privilegiando, como destinatários, os professores e os jovens de todos os escalões etários, e tendo em mira não só os ensinos regulares mas também a formação para a cidadania ambiental.
Neste óptica, daremos destaque às boas práticas ambientais empreendidas por instituições públicas e privadas, que incorporem uma preocupação com a preservação da natureza, a sustentabilidade ambiental e o fomento da economia circular.
Naturæ digital tem, na sua retaguarda, o Museu Virtual da Biodiversidade (MVBIO), um enorme repositório em contínuo crescimento, composto por fichas descritivas das espécies e habitats, ilustradas com recurso às tecnologias digitais de comunicação e imagem, à perícia de fotógrafos nacionais e estrangeiros e ainda à mestria dos ilustradores portugueses.
Naturæ digitalnão ignora que “de pequenino é que se torce o pepino” e, por isso, disponibiliza um conjunto diversificado de iniciativas lúdicas destinadas às classes de mais tenra idade, promotoras do conhecimento de animais, plantas e cogumelos.
Naturæ digital recorda Leonardo Da Vinci quando este afirma que “a ciência mais útil é aquela cujo fruto é mais comunicável” e convida a comunidade científica a partilhar o seu espaço de comunicação.
Jorge Araújo, Professor Catedrático Emérito da Universidade de Évora
Para verem a exposição e conhecerem a revista basta clicarem na imagem acima, terão também acesso ao Museu Virtual da Biodiversidade da Universidade de Évora.
A 19 de maio de 1954 na aldeia de Baleizão, um grupo de camponeses dirigiu-se à residência do patrão. Entre esses trabalhadores rurais, contava-se Catarina Eufémia, grávida e com um filho de oito meses ao colo. Entre outras pretensões, reivindicava-se para as mulheres um aumento da jorna (salário de um dia de trabalho) de 16 para 23 escudos (o que representa na moeda atual - o Euro - um aumento de 8 para 11 ou 12 cêntimos), na campanha da ceifa. No entanto, a GNR apareceu, como tantas outras vezes, acabando por intervir duramente. Para além dos tiros para o ar, de intimidação e para dispersar a concentração de camponeses, outros houve que tiveram um destino mais cruel e sangrento. De facto, o tenente Carrajola, da GNR, no caminho do grupo de assalariados para a casa do patrão, matara Catarina Eufémia com vários tiros, que caíra para o chão com o filho ao colo. Este assassinato a sangue-frio foi uma das mais brutais ações do regime de Salazar, causando uma revolta surda e contida entre as massas rurais alentejanas.