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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Ontem, hoje, e amanhã

a vida acontece, também, nas coisas banais

04
Mai23

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Pode não parecer, mas estão seis pintos no meio destas mãos, a vida é algo surpreendente, e por estranho que possa acontecer quanto mais conhecemos mais surpreendidos ficamos, é interessante sentir que à medida que envelheço fisicamente, as minhas emoções voltam às sensações sentidas na infância, a alegria da descoberta, a vontade de querer aprender mais sem me importar grande coisa com as limitações, assim de repente fica a imagem de que a infância é uma preparação para a velhice, a vida de adulto é uma ideia intermédia que nem damos por acontecer, afinal o que tem importância maior?, um nascer do sol? ou um sol poente?, sendo que o último faz parte de um dia que já se viveu, enquanto o outro é a oportunidade. 
 
Não deixes o final do dia sem teres crescido um pouco,
sem seres feliz, sem teres aumentado os teus sonhos.
 

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Não te deixes vencer pelo desânimo,
não deixes ninguém tirar o direito de te expressares,
que é quase uma obrigação.
 

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Não abandones o desejo de tornar a tua vida extraordinária,
não pares de acreditar nas palavras e na poesia,
elas podem mudar o mundo.
 

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Não importa o que na nossa essência está intacta,
estamos cheios de seres de paixão,
e a vida é deserto e oásis,
nos derruba, nos fere,
nos ensina
ela nos faz protagonistas,
da nossa própria história.
 

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Embora o vento sopre contra,
o trabalho potente continua,
tu podes fazer uma estrofe,
nunca pares de sonhar,
porque os sonhos são do homem livre.
 

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Não caias num dos piores erros, o silêncio,
a maioria vive num silêncio terrível.
Não renuncies!
 

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Ouve!
 

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“Eu a emitir os meus uivos através do telhado do mundo”
diz o poeta.
 

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Aprecia a beleza das coisas simples,
tu podes fazer bela poesia sobre as pequenas coisas!
 

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Não podemos remar contra nós mesmos,
quem transforma a vida no inferno,
aproveita o pânico que provoca em ti,
tens a vida pela frente,
vive-la intensamente,
sem mediocridade.
 

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Tu achas que és o futuro,
enfrenta a tarefa com orgulho e sem medo,
aprende com aqueles que podem ensinar-te,
as experiências daqueles que nos precederam
nossos “poetas mortos”.
Ajudando-te a caminhar pela vida
a sociedade de hoje, nós que somos os “poetas vivos”.
Não deixes a vida passar por ti sem a vida!
 
 
Poema retirado de Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen, Walt Whitman, in Folhas de Erva (Relógio D'Água, 2003)
 
 
As fotografias foram colhidas junto à horta.

Não é só o sol que se vai embora,

27
Fev23

IMG_20230225_181537.jpgé também a oportunidade única de vivermos um momento tão belo e fugaz, sabendo de antemão que jamais haverá outro igual.

Muda é a força (dizem-me as árvores)
e a profundidade (dizem-me as raízes)
e a pureza (diz-me a farinha).
Nenhuma árvore me disse:
"Sou mais alta que todas".
Nenhum raiz me disse:
"Eu venho do mais fundo".
E nunca o pão me disse:
"Nada há como o pão".
 
 
Pablo Neruda, tradução Carlos Campos