Nós matamos a morte quando fazemos cinquenta anos
Ilustração Rafa Anton
O titulo vem daqui deste excelente texto.
Parabéns Zé Gab Quaresma, pelo aniversário e pelo texto.
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Ilustração Rafa Anton
O titulo vem daqui deste excelente texto.
Parabéns Zé Gab Quaresma, pelo aniversário e pelo texto.
Ilustração Francesca Escobar
Cinquenta são: 5x10. São cinco anos em cada dedo das mãos. Cinquenta Verões, cinquenta Invernos. Cinquenta brindes.
A Isabel, lançou o desafio de falar do que é ter cinquenta anos, e eis-me aqui reflectindo sobre o assunto.
O que senti ao fazer cinquenta anos de vida? Senti que tinha ultrapassado uma meta, ao mesmo tempo um alívio mental de me livrar de bloqueios que a sociedade nos impõe. Mesmo que o corpo fraqueje eu não me importo, estou a aprender a viver com calma, a me dar mais espaço e a mimar-me. Olho o tempo de uma outra forma, é um tempo de como quem anda numa montanha-russa, uma descida vertiginosa, da qual não podes fugir, que te arrepia e te mete medo, mas que logo passa, e até é divertido lidarmos com as situações das quais ouvíamos as "pessoas de idade" falar quando éramos jovens. São as dores, os olhos que falham, os ouvidos, os cabelos crespos, as rugas e a secura, dizem que tudo fica seco. É mentira. Talvez isso aconteça a quem não alimente a mente. É um outro tempo, com outro conhecimento.
Não me afectam as rugas nem os cabelos brancos, pinto o cabelo até me apetecer, quanto às rugas: basta-me a pele macia e cheirar bem. Não dispenso um perfume que me abraça e que vai até aos outros.
Passar esta meta indica que estamos na recta final do nosso caminho, importa pois, não desperdiçar e arriscar, "fazer o que ainda não foi feito", é viver mais com menos tempo, é descascarmo-nos a cada dia, deixar para trás a vergonha, o medo, é apanhar outra vez aquela sensação do que é ser criança, mas com a experiência que a vida nos deu. É bom!
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
Mário Quintana
Alice Alfazema