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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Paz

01
Jan23

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Nós não podemos ser da Terra!
Ninguém destrói a sua casa com o à-vontade
da Humanidade a dar cabo do planeta!
(...)
Estamos cá por empréstimo. De nascimento e de morada.
Talvez, havendo rumado ao lado oposto, o natural,
a guerra fosse dita estúpida,
fútil o sacrifício da conquista,
porque de razão contrária à nossa meta.
Talvez, diante da paisagem liberta de ameaças,
de cavalos mortos, de pontas de lança,
de lutos carregados, de estandartes,
parássemos, tranquilos, de sorriso aberto
e ouvido alerta para o coro de vozes.
Talvez venerássemos, juntos, a brisa nas folhas,
o canto das baleias, das aves e das fontes,
sentíssemos gratidão pelo cheiro são do mar,
pela foice, pela água, pela vinha, pelas flores,
pelas montanhas em cadeia, pelas aldeias,
pelo pão, pelos céus, pelo luar da noite,
soubéssemos ligar-nos à luz que nos rodeia e espera,
elevássemos a vida às palavras boas, e,
de uma vez por todas, aprendessemos
a divina melodia dos abraços.
 
Margarida Faro
 
Retirado daqui.