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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

"Conversa com a chuva"

29
Dez20

chuva.jpg

Ilustração Emerico Tóth

 

 
E se é verdade que molhas os sapatos das pessoas
e entras pelos buracos das casas pobres
onde vivem pessoas mais pobres do que as casas
tu não és culpada.
Isso não.
Culpadas são aquelas pessoas
que nunca têm tempo para olhar a chuva
as pessoas sisudas e egoístas
que não se importam nada com a vida dos outros
a não ser com a daqueles
tão distraídas como elas.
Tu não tens culpa. Tu gostas
de toda a gente
porque és como as pessoas boas: generosa
transparente e simples. Só que
por vezes bebes muito no mar
bebes
bebes
e engordas as nuvens
que de tão cheias não cabem lá no céu
e andam
desastradamente umas contra as outras
fazendo trovoada
numa enorme discussão de relâmpagos.
 
 
 
 
 
Poema de Joaquim Pessoa
 
 

Postal de Natal ✈

2020

20
Dez20

pai natal.jpg

Cabo da Roca, 20 de Dezembro de 2020

Queridos amigos, espero que estejam bem de saúde eu vou indo graças a Deus. 

Há muitos anos atrás trocavam-se postais e cartas de Natal que eram primorosamente escritos com alguma antecedência, compravam-se depois os selos e eram enviados por correio, a escolha dos envelopes dependia do gosto pessoal de cada um e ainda do meio de transporte pelo qual viriam a ser transportados. Naquelas páginas e cartões, as letras surgiam alinhadas e cuidadosamente desenhadas, e sabia-se que muitas das vezes eram escritas por alguém mais instruído, no entanto nunca perdiam a graça e o amor posto em cada frase. Da terra chegavam as notícias, da Capital, do estrangeiro. Ainda não éramos a Aldeia Global em que nos transformámos. Era um Natal em cada carta aberta. Era Natal em cada troca de palavras, desejos e saudações. Do longe se imaginava o perto.

 

 

Um abraço apertado, desta que vos espera abraçar em breve.