Sem medo
22.07.18, Alice Alfazema
sento-me no limite desta cidade
a observar os quilómetros percorridos entre existências.
em hora de ponta nenhum coração está vago.
queria traduzir-te o sorriso
e fumar os prédios,
bebe-los com a agonia.
dizem que sem medo há sempre destino
mas eu escrevi-te do fundo do tempo,
já não existias.
este é o império que se partiu ao meio
nas nossas mãos.
Sara F. Costa , poema Império ao meio, in A Transfiguração da Fome