Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Pessoas que matam peixes através da mente

19
Jun22

IMG-20220523-WA0000.jpg

Há anos que tenho um aquário com peixes de água quente, já perdi a conta aos peixes que já tive, este é o meu limpa fundos actual, mas já tive outro que durou muitos anos, penso que morreu de velhice, morreu em cima da pedra, não ficou a boiar, nem deteriorado, nem os outros peixes o comeram, simplesmente ficou ali imóvel, há espera que déssemos por isso. Quem tem ou já teve um aquário sabe que a longevidade  dos peixes é baixa, talvez cerca de dois anos em média, uns duram mais que outros, tal como nós, no entanto este meu limpa fundos ultrapassou em muito esse número.

Como disse tenho um aquário há muitos anos, e durante uns anos de tempos a tempos tínhamos a visita cá em casa de um casal amigo, eles ficavam sempre fascinados com o aquário, adoravam ver os peixes coloridos, as plantas verdes, as bolhas, de cada vez que ali vinham passavam um bom bocado de volta do aquário.

 Mas dessas visitas, guardo especialmente os dias seguintes, havia então uma elevada mortalidade entre os peixes, aparentemente sem nenhuma razão começavam a morrer, comecei a reparar nisso por acaso, na primeira vez pensei que fosse doença, depois com o tempo comecei a associar as mortes àquelas visitas, a seguir verifiquei que tinha razão, comecei a observar em pormenor o que acontecia nos dias seguintes, e vi que os peixes morriam simplesmente sem estarem doentes, nunca encontrei explicação para tal facto, o que sei é que passados estes anos todos ainda me interrogo sobre aquilo que acontecia ali. Uma coisa é certa, depois desse casal deixar de frequentar a minha casa, a mortalidade baixou drasticamente. 

Desses tempos apenas o limpa fundos resistiu, a resiliência que havia nele e o seu cuidado em limpar cada pedra, cada folha de uma planta, cada pedaço do vidro, levam-me a lembrá-lo com carinho, tendo em conta as inúmeras vezes que o observei e que ele me observou leva-me a crer que fomos compinchas. Senti a sua falta quando morreu, os amigos não precisam falar, nem ser da mesma espécie. Há uma energia que não se explica, apenas se sente, tal como aqueles peixes em dia de visitas especiais.

 

15 comentários

Comentar post