Pedacinhos
O poder de transformar, de criar, de usar a imaginação é surpreendente, o que podemos fazer com pedaços de coisas inúteis?
As vozes que se levantam
quando a negra Zita passa,
a mulheres desta massa
são piropos que se cantam
Essa crioula danada
tem a pele bronzeada
e o dom da sedução
Na anca ginga uma morna,
na voz uma coladeira
Sob os pés sempre descalços,
há todo um mar de sargaços,
dunas de sal e areia
Da vida nunca se queixa
De seu, nunca teve nada,
a não ser a formosura
e a cor da sua raça.
Poema de Fernanda Esteves, retirado do livro, Ao Desamparinho da Tarde
As magnificas ilustrações são de Charis Tsevis.
Alice Alfazema