O meu passeio de Outono com o Ginjas
Num destes dias fui passear com o Ginjas. Ele é um rapaz madrugador, põe a pata em acção e não há quem o pare, raspa, e raspa na porta até alguém muito, muito sonolento se levantar. E eis que abana a cauda, contente, contente. Não sabe se é sábado ou domingo, o que lhe interessa é o passeio. E lá fomos nós pela fresquinha, sentindo a brisa do resto da madrugada, na cara lavada à pressa (ou não lavada). Com os olhos meio esbugalhados, numa tentativa de abertura para uma visão plena.
Levei a máquina fotográfica, com o intuito de tirar belas fotos, para recordar a maravilhosa manhã de Outono, vi-me a fotografar o orvalho e as formigas que ainda enchem de comida o formigueiro. Imaginei o Ginjas em grande plano, pleno de vigor e lustro no pêlo. Vi o castelo que ainda tinha as luzes acesas. Fotografei tudo o que tinha imaginado.
Encontrei vestígios do baile sob a grande Lua cheia. Imaginei quem teria andado nela, se seria bela ou uma desdentada maluca.
Vi os cardos estaladiços do Sol, e as folhas amarelas, e as grandes nuvens cheias de água que vinham do mar, pareciam soldados cinzentos caminhando em linha.
Eis aqui a prova de tudo aquilo que vi.
O castelo, magnífico no cimo do morro, espreitando o dia que mal acaba de nascer.
As nuvens que cavalgam os céus, cheias de vento e de água.
O Ginjas, em alta velocidade, aproveitando o fresquinho da manhã.
Os cardos que se despediram do Verão.
Os vestígios do baile à grande Lua cheia.
Os verdes que crescem maravilhados com a orvalhada.
Alice Alfazema