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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Normalidade

19
Jul21

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Ilustrações Feras Sobh

Normalmente as riscas lembram-me de normalidade, o normal de estarem acima e abaixo umas das outras, criando padrões parados ou dinâmicos. O normal de uns acima da normalidade de outros. A normalidade formal. A norma que se junta a outra já instituída. A normalidade da boa aparência seguida de boa gente. Normalmente pela boca morre o peixe. Normalmente o fraco cala-se. Quando a normalidade se acentua o fraco grita. Cria fôlego, pisa a risca. Risca-se a normalidade quando se pinta a risca. De riscas é feita uma pauta, com pausas riscadas. 

 

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Sonhei que o meu sonho tinha riscas, cheias e largas, por onde em podia flutuar como se navegasse. E o meu barco era eu, meu corpo eram as tábuas que se erguiam completando um mastro, riscadas eram as velas nos meus braços. Navegando num mar de Verão, branco e azul, azul e branco de todos os tons. Naquele mar flutuante que não conhecia marés, nem brisa, nem sol, nem vento, apenas as riscas serpenteavam conforme eu me movia. Abaixo e acima, por dentro e por fora, sem fim, não sabendo o começo, as riscas continuavam sempre sem saírem do lugar fazendo crescer a normalidade.  

 

 

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