No tronco
Ilustração Manuel Menchén Ozaita
Deixei-me ir pelo tronco acima, debaixo das minhas patas o musgo estava escorregadio. Senti no ar o delicioso aroma da manhã. O orvalho brilhava através dos pequeninos raios de sol. Uma lagartixa ainda dormia aconchegada no que restava do frio da noite. Equilibrei-me no tronco e espreguicei-me. Senti cada músculo vibrar e deliciei-me novamente com as cores da manhã. Saltei do tronco e fui procurar o que comer. À minha volta árvores espreguiçaram-se, ervas curvaram-se diante de mim, um rato fugiu-me, um coelho acenou-me, cansei-me e deitei-me ao sol de barriga para o ar, que a manhã já ia alta. Adormeci.
Alice Alfazema