Eu refilona me confesso
Ilustração Simona Ciraolo
Num dia destes, estava eu num refilanço genuíno, quando me lembro de que há quem diga que fui feita a refilar, irrita-me. Eu gosto de refilar. Gosto tanto como de me rir. Gosto desta imagem que é tal e qual o refilanço puro em silêncio. Em conversa, a semana passada, afirmei que quando morrer ainda hei-de ir a refilar dentro da caixa, com uma mão de fora, mas depois lembrei-me que quero ser cremada, diz-me uma colega, não te preocupes, ainda tens o caminho até ao crematório para refilares. Rimos a bandeiras despregadas.
Alice Alfazema