Entre as brumas do sono
Ilustração Rita Henriques
Estou aqui deste lado a beber um chá de alfazema e camomila. Há um cheiro bom que se infiltra nas minhas narinas, levando-me até um campo de alfazemas, num lilás amoroso onde poisam abelhas e abelhões.
O chá quente escorrega-me pela goela abaixo, levando com ele o cansaço do dia e da semana que foi comprida demais. O sofá chama-me, mas a cama ordena que me deite, que descanse, que não ponha despertador, porque amanhã é sábado, é dia de sono sem hora marcada, de pequeno-almoço preguiçoso, de café na esplanada e talvez de caldeirada.
Talvez vá comprar pata-roxa e batatas novas ao mercado. Até amanhã. É o sono que me chama.