Desígnios
Árvore de Natal
Já aqui disse que gosto de dias de tempestade, gosto de apreciar a Natureza na sua suprema vontade, a ideia de que somos apenas marionetas neste universo manifesta-se no pouco que valemos na sua vontade. O facto de não respeitarmos - e de ainda não admitirmos - que vivemos em cima de um sistema muito inteligente e que por ele somos controlados, faz-nos ainda mais vulneráveis aos seus desígnios.
– Menino, vem para dentro,
olha a chuva lá na serra,
olha como vem o vento!
– Ah, como a chuva é bonita
e como o vento é valente!
– Não sejas doido, menino,
esse vento te carrega,
essa chuva te derrete!
– Eu não sou feito de açúcar
para derreter na chuva.
Eu tenho força nas pernas
para lutar contra o vento!
E enquanto o vento soprava
e enquanto a chuva caía,
que nem um pinto molhado,
teimoso como ele só:
– Gosto de chuva com vento,
gosto de vento com chuva!
Poema de Henriqueta Lisboa