Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Daqui até ao Natal -16

04
Set24

IMG_20240901_214609.jpg

mais importante que ter uma memória é ter uma mesa
mais importante que já ter amado um dia é ter uma mesa sólida
uma mesa que é como uma cama diurna
com seu coração de árvore, de floresta
é importante em matéria de amor não meter os pés pelas mãos
mas mais importante é ter uma mesa
porque uma mesa é uma espécie de chão que apoia
os que ainda não caíram de vez

Ana Martins Marques


Dou por mim a pensar se reconheceria as vozes que outrora me chamaram, ou até os rostos, é inevitável a perda da memória à medida que o tempo nos afasta das pessoas vividas, então de repente ao virar de uma esquina, lá está um corpo parecido, vestimenta e corte de cabelo idêntico, aquela pele fininha e coberta de manchas castanhas da idade, e fico ali parada, a disfarçar que estou a olhar um pormenor qualquer, remexo a mala e ajeito os óculos de sol, dou novamente uns passos e olho para trás, um pensamento idiota vem-me à mente: e se eu lhe pedisse para lhe dar um abraço será que me deixava fazê-lo? Depressa se desfez o pensamento, começo novamente a andar, não olho mais para trás, mas arrependo-me, de não ter tido a ousadia suficiente. 

5 comentários

Comentar post