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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Caldeirada de pata-roxa

30
Jul20

 

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Ponho o tacho grande em lume brando e rego com azeite o seu fundo. Lá dentro coloco uma folha de louro, entretanto vou cortando em rodelas finas uma cebola grande, às vezes ponho duas, atiro-as para dentro do tacho, enquanto fico a ver os salpicos do azeite que se junta à cebola, começa o processo de refogar. Vou então cortar o pimento verde em tiras finas, enquanto o limpo de sementes a cebola torna-se loura, jogo lá para dentro o pimento. O cheiro intensifica-se. Passo aos tomates, uns quatro pelo menos, bem maduros, para dar cor ao prato e sabor ao mar. Lavo-os e tiro-lhes a rama verde, não os descasco, corto-os em rodelas não muito finas, que vou colocando por cima da cebola e do pimento, tempero com sal e junto-lhes uns dentes de alho em fatias fininhas, talvez quatro, pimenta moída na hora. O lume brando vai fazendo das suas e, mistura devagar os sabores e as cores. Vou buscar as batatas, são olho de perdiz, de casca fina, descasco-as e corto-as em rodelas de forma a cozinharem rapidamente. Coloco-as por cima dos tomates, ajeito-as para que caiba também o peixe. Escolhi pata-roxa,  retiro  o peixe da água, que serviu para retirar o excesso de sangue, e faço a última camada dentro do tacho, ajeito os fígados do peixe, iguaria única que fica maravilhosa em cima de uma fatia de pão cozido a lenha. Rectifico os temperos e tapo o tacho. Olho para o relógio e aguardo que o milagre aconteça. Lá dentro, devagarinho, os sabores do Mar se misturam com os da Terra. Antes de servir tenho de lhes dar um abanão.

 

 

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