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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Daqui até ao Natal - 5

23
Ago24

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Ainda sobre fotografia, diz o José em comentário ao meu recorte anterior: 

Nunca tirei uma fotografia de jeito: tudo tremido, até que deixei de tirar fotografias. Há anos, fomos mostrar o farol da Roca, a duas das nossas netas, uma cidadã de origem asiática atirou-me um tablet para as mãos, para lhe tirar uma fotografia com o farol. Ficou desesperada quando viu que eu só tinha apanhado o farol.

Que valente gargalhada eu dei ao ler isto, fez-me lembrar de um outro episódio de há muitos anos (é mesmo há muitos anos, não como agora que três anos já são considerados muitos), assim, há muitos anos o meu cunhado comprou uma máquina fotográfica nova e deu-nos a Canon "velha e pesada", pois bem aquilo tinha uma fita agarrada à máquina, servia para por ao pescoço, ou ao ombro, vai daí, eu que andava a caçar gambuzinos com a máquina, sempre com a fita ao pescoço - recomendação séria do meu marido - comecei a tirar flashs a torto e a direito, mentira que cada rolo dava apenas para tirar vinte a trinta e poucas fotos, com o entusiasmo retirei aquilo do pescoço e pousei a máquina, depois voltei à carga, tiro a foto e largo a máquina, o estrondo com que ela caiu no chão foi o suficiente para aquela malta me arregalar e revirar os olhos  a um só olho, imagem que ficou gravada na minha mente para todo o sempre, tirando os anos que levei a ouvir "segura bem na máquina" ou "leva a máquina ao pescoço"... e por aí fora, não sei como sobrevivi sem fazer terapia, é o meu destino,  já a minha mãe me dizia que eu tinha mãos de aranha. 

Portanto é bom sabermos que não estamos sós em termos de aselhice.

 

Daqui até ao Natal - 4

22
Ago24

 

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Eu tiro fotografias com o telemóvel como se fosse uma máquina fotográfica analógica, ou seja, disparo de qualquer forma, porque estou somente a ver mais ou menos o que estou a fazer, depois quando chego aqui é que vejo como ficou, afinal era assim que fazíamos quando  íamos revelar o rolo, saía cada coisa, tenho a dizer que ninguém confia em mim para tirar fotografias, a não ser claro os que não me conhecem. Para mim é uma chatice a perfeição. 

Ainda voltando ao tempo do rolo revelado, nessa altura o que mais gostava de fazer era tirar fotos à socapa, por exemplo apanhar "pessoas cá de casa" a dormir em cuecas no sofá e colocar molas de roupa a prender os cabelos, ou um qualquer recado preso na boca, por exemplo a dizer "vende-se" ou pior...e depois ir-mos revelar as fotografias, que eram sempre conferidas na nossa presença pelo fotógrafo para ver se estavam boas, e eu a fazer-me de sonsa enquanto eram passadas de mão em mão, entretanto havia sempre gente surpreendida com  algumas das poses (hoje poderia por a culpa na inteligência artificial), mas não teria a mesma piada dos memes analógicos, coisas à séria por assim dizer.

Com a minha filha por exemplo, que era uma chorona de 1ª, a ameaça da máquina fotográfica era o suficiente para acabar com o berreiro, a lady não queria ficar mal na foto, depois ainda havia o perigo de eu colocar tal foto numa moldura, hoje pergunto-me se ameaças destas seriam caso para chamar a CPCJ? Com o rapaz era o contrário bastava apontar a máquina para ele fazer as maiores macacadas, juro que não sei a quem saiu, mas também não tenho uma única foto minha de jeito, e quando me esforço ainda fica pior. 

Daqui até ao Natal -2

20
Ago24

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Hoje pela hora do almoço, indo eu a andar e a ver como param as modas, eis que pela minha frente um homem jovem vem empurrando um carrinho de bebé, com uma mão empurra o carro, com a outra consulta o telemóvel, eu olho de lince...vejo que a criança está a escorregar pela cadeira, já tendo parte do corpo fora dela, digo-lhe então que o bebé está a cair, ele não liga, ou não percebe, não sei bem, como o homem não reage chego-me à frente e empurro um pouco a criancinha para cima, aí o homem parece acordar do coma e vê finalmente o que estou a tentar dizer-lhe, então rapidamente puxa mais a criança para cima, mas como não me dou por vencida facilmente, coloco um braço da criança na alça da cadeira e explico, como se não fosse óbvio que aquilo tem de estar a prender braços e pernas, acho que ouvi o homem dizer obrigado, mas o que me fascinou foi o miúdo esticar a mão para mim e dar-me um "passou bem" em jeito de agradecimento. Não teria mais de oito meses, entretanto a minha amiga esperava-me mais à frente para continuarmos a ver as montras.

Nota: se a minha filha estivesse comigo iria dar-me o sermão do costume: (...) as pessoas podem não gostar(...) não deves fazer isso(...)

Ainda olhei para trás para confirmar se o homem estava ou não a prender a criancinha.