Ilustração Nicky Photo et création numérique
«Somente a luz que cai continuamente do céu fornece a uma árvore a energia que crava profundamente na terra as suas poderosas raízes. A árvore está na verdade enraizada no céu.»
Simone Weil, A Pessoa e o Sagrado, p. 53
A frase acima foi surripiada do Delito de Opinião - desconhecia a história de vida autora, mas já andei a pesquisar, e fiquei surpreendida com a missão de vida desta mulher, que pela sua breve viagem por este mundo escreveu tanto e viveu ainda mais.
Há uma linha ténue entre a vida e a morte, entre a saúde e a doença, é certo que muitos factores externos ao individuo contribuem para acentuar a diferença entre a saúde e a doença, mas também é certo que depende em muito dos factores internos existentes no individuo, sendo assim a linha que separa as duas não é mais que a junção das duas, constituindo discussão desde há muito, se por um lado existe a ideia de que o individuo é o centro, e que parte dele toda a acção, há quem se apoie que isso depende de onde vem a acção externa que influencia o individuo.
No dia instaurado para chamar a atenção para a importância da nossa saúde mental, podemos concluir que apesar de termos hoje mais meios para sermos mais felizes, para vivermos mais anos com saúde, somos confrontados todos os dias com uma panóplia de informação que nos leva a entrarmos em confronto com os nossos sentimentos e com as nossas acções, se por um lado sentimos vontade de exercer a nossa vontade, por outro somos impedidos de aplicar aquilo que queremos.
Sem dor física que suporte a evidencia de estar-se doente, a saúde mental é muito difícil de diagnosticar e de ser aceite como doença, quer pelo próprio, quer por aqueles que o rodeiam. Enquanto a dor emocional cresce é possível que também a sensação de vazio se instale e mine toda e qualquer vontade de sair daquele estado, e por vezes é quase impossível voltar a si, sem retorno, num desvio permanente, como uma curva sem fim à vista, no fundo a manutenção da nossa saúde mental deverá fazer-se sempre em boa companhia. Tal como na visão de Simone Weil, a árvore está enraizada no céu, assim também nós estamos enraizados na sociedade, e como o céu nem sempre é límpido, nem sempre cinzento, azul, escuro ou claro, numa visão simplista o céu demonstra aquilo que somos e o que podemos ser, independentemente dos culpados serem factores externos ou internos.