Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Para quem gosta de praia e para quem não sabe que ainda vai gostar muito de uma boa praia

24
Jun18

 

Em 2018, o programa Bandeira Azul vai trabalhar o tema “O Mar que Respiramos”, uma vez que, 50% do dióxido de carbono lançado na atmosfera é absorvido pelos oceanos e 70% do oxigénio da Terra é produzido pelo plâncton marinho. O Papel das florestas marinhas é fundamental, são as algas mais pequenas que, literalmente, nos dão o ar que respiramos.

 

 

É inegável que as florestas terrestres são fundamentais para os ecossistemas, são habitat de 80% da biodiversidade terrestres e são elas que garantem a água doce de que todos os seres vivos dependem. E, infelizmente, os acontecimentos recentes no nosso país mostraram, da pior forma, a necessidade urgente da sua preservação.

 

No entanto, se considerarmos que 71% da superfície da Terra é constituída por água e que, há apenas algumas décadas, o Homem conhecia melhor a superfície da Lua do que o fundo dos mares, percebemos porque fomos induzidos numa versão redutora do ciclo do carbono.

 

Hoje, graças ao despertado interesse científico, conhecemos um pouco mais os oceanos e compreendemos o papel que estes têm numa escala global. Sabemos o quanto eles influenciam o clima terrestre e de que forma as correntes oceânicas têm contribuído para a regulação da temperatura na Terra.

 

Mas repor a verdade científica não nos deve fazer respirar de alívio. Pelo contrário.

 

Se à superfície as florestas são vulneráveis a todo o tipo de ameaças, nas profundezas, os grandes pulmões do planeta também estão sujeitos a catástrofes provocadas por mão humana: podemos comprovar que 80% da poluição marinha resulta de atividades terrestres. O plástico que se acumula nos oceanos e se deposita no fundo, por exemplo, é um registo das más praticas ambientais do Homem nos últimos anos. Conta-nos uma história triste de consumo e desperdício a uma grande escala, mas sobretudo mostra o resultado de más escolhas no nosso quotidiano.

 

Em 2018, procuraremos despertar consciências para a influência que os oceanos exercem em todos os aspectos da vida no planeta, de que forma afectam e são afectados pelas alterações climáticas e o que isso significa a longo prazo. Mas não só. Vamos demonstrar a ligação existente entre ecossistemas terrestres e marinhos e como a vida no mar está tão dependente de pequenos gestos em nossas casas.

 

O caminho passa pela educação ambiental e pela adopção de comportamentos mais racionais e eficientes na utilização de recursos. Uma educação para a conservação, proteção e melhor gestão, que começa nas nossas florestas e termina no mar. Uma educação por uma sociedade de baixo carbono.

 

 

 

 

Texto retirado do site Bandeira Azul, onde podem explorar os vários projectos relacionados com o tema. Para saberem as praias que em Portugal possuem Bandeira Azul, consultar aqui. Divirtam-se em consciência e levem sempre o vosso lixo convosco. 

 

O retorno, a água é vida...

26
Nov17

 

Ilustração John Shelley

 

 

 

Era uma vez uma gotinha de água que vivia no mar sem fim.

Juntamente com as suas irmãzinhas formavam o Mar.

Um dia, a menina Gotinha de Água estava a dormir, a sonhar,…

Então o Sol beijou-a e logo ela subiu no ar.

No céu, olhou à sua volta e viu milhões de gotinhas como ela boiarem no ar.

Vieram os ventos e começaram a empurrar aquelas nuvens e a gotinha viajou por muitas terras…

 

 

 

Texto de Papiniano Carlos (1918-2002), A menina Gotinha de Água, um livro editado nos anos 60 e que merece ser lido em qualquer idade. 

 

 

 

 

Alice Alfazema

 

E se a Mãe Terra falasse connosco o que nos diria?

09
Set17

 

Ilustração  Christian Koh-Kisung Koh

 

Somos filhos da Terra, por algum motivo voltamos ao pó.

 

Dizem os entendidos que fazemos parte do mesmo material que compõem as estrelas. Habitamos um planeta lindo, mas procuramos outros mundos para sobreviver. O nosso corpo tem pouco tempo de vida, mas julgamo-nos eternos.

 

De todos os animais que habitam este maravilhoso mundo somos aqueles que menos respeitam a sua origem, senão o único. Comemos mais do que precisamos para viver, temos muita pele para vestir, fazemos montanhas de lixo, muitos nem sabem distinguir o necessário do desnecessário.

 

Valorizamos muito uma marca de vestuário, ou de uma outra porcaria qualquer, e há quem pague milhares em dinheiro para tê-la, entretanto não olhamos para um céu azul como uma preciosidade. Não vemos as árvores como uma obra de arte. Ou o canto de um pássaro como uma prova de liberdade. Comercializamos a liberdade dos outros em lojas, os outros são os chamados animais irracionais.

 

Somos também compostos por água, muita água, e sem ela não somos nada. No entanto as marés vão e vêm sem que haja grande admiração por isso. O plástico alastra nas nossas águas e também em nós, pois já entrou na cadeia alimentar de algumas espécies. Estamos poluídos. Na mente e no corpo.

 

Vemos imagens de furacões nas televisões ou em qualquer outro aparelho tecnológico, dizem os relatos que estes fenómenos nunca antes foram vistos em tal dimensão, ninguém sabe ao certo, no entanto dizem por dizer. Entretanto mostram as imagens de destruição como se fosse um espectáculo de drama, porque há mortos, quantos são? Como morreram? Há uma curiosidade mórbida em saber como se morre que vende, vende, vende, mas quem são os mortos? Quantos animais morreram para além dos humanos? Ou  a morte é só uma coisa humana? E o sofrimento também é um sentimento apenas humano?

 

 

Se a Mãe Terra falasse connosco certamente diria que somos umas bestas porcas e mal-agradecidas. 

 

 

Alice Alfazema