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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

O Amor

03
Mai21

 

 
O meu amor tem lábios de silêncio
e mãos de bailarina
e voa como o vento
e abraça-me onde a solidão termina
 
O meu amor tem trinta mil cavalos
a galopar no peito
e um sorriso só dela
que nasce quando a seu lado eu me deito
 
O meu amor ensinou-me a chegar
sedento de ternura
sarou as minhas feridas
e pôs-me a salvo para além da loucura
 
O meu amor ensinou-me a partir
nalguma noite triste
mas antes, ensinou-me
a não esquecer que o meu amor existe
 
 
 
Poema de Jorge Palma

4

04
Mar21

rosmaninho.jpg

Batidas na porta da frente
é o tempo
Eu bebo um pouquinho pra ter
argumento
Mas fico sem jeito, calado
ele ri
Ele zomba de quanto eu chorei
porque sabe passar
e eu não sei

Num dia azul de verão sinto vento
há folhas no meu coração é o tempo
recordo um amor que eu perdi
ele ri
Diz que somos iguais
se eu notei
pois não sabe ficar
e eu também não sei

E gira em volta de mim
sussurra que apaga os caminhos
que amores terminam no escuro
sozinhos

Respondo que ele aprisiona,
eu liberto
Que ele adormece as paixões
e eu desperto
E o tempo se rói com inveja
de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
pra tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
me esquecer

 

 

Poema de Aldir Blanc  melodia Cristovão Bastos