Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Eu não tenho jardim, mas tenho bosques, vales, planícies e serras, onde colho as minhas flores, colho-as com a objectiva, este ano redescobri o prazer de observar as flores silvestres, sentindo uma alegria quase infantil por ver uma diversidade tão grande de pormenores que nos são alheios na pressa do dia a dia. Há algo comum a todas elas - Liberdade.
Já é Junho...
O tempo molda-nos o corpo e põe-nos moles com este calor, é uma moleza profunda, que vem do fundo do ser, e deixa-nos sem acção. É assim como aquelas pessoas que nos sugam a energia mesmo sem querermos, porque não conseguimos fugir delas fisicamente, tal como quando estamos debaixo do calor, não que essas pessoas sejam um sol, mas antes um buraco negro, porque a sua energia é densa.
Vivemos num espaço reduzido, onde caminhamos lado a lado, sem olhar para os lados. Como animais vedados há quem se veja sempre só e em sofrimento: sem olhar para o lado estamos sempre sós e em sofrimento.
Os anos passam e não aprendem, ficam assim velhos refinados de ódios, vivem de conquistas passadas e detestam o presente. Querem impor a sua verdade. Isto cansa-me. Ficam buracos negros densos e profundos e orgulham-se disso. O buraco agiganta-se, arrastando tudo à sua volta.
Tenho de estender as minhas emoções num estendal que fique bem alto, junto de grandes árvores, no alto de uma grande montanha para que apanhe as brisas de Junho, algo que me leve para longe desta massa densa e viscosa da qual não quero fazer parte.
Quero que este mofo acabe em cheiros de flores silvestres. Dizem-me para respirar fundo, que estou deprimida, que estou ansiosa, que é do cansaço. É do cansaço sim: de não me resignar.
As ilustrações são de Bannon Fu