Conversas da escola
- Eu quero trabalhar numa prostituaria como a minha tia.
Alice Alfazema
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- Eu quero trabalhar numa prostituaria como a minha tia.
Alice Alfazema
Ilustração Adara Sánchez Anguiano
Uma pergunta até ao final do ano, quem quiser responder esteja à vontade.
Alice alfazema
Ilustração Kim Barnett
Às vezes rio-me, demoradamente, silenciosamente, com esta cena da crise e oiço-os queixarem-se que levam menos para casa. Que não aguentam, que isto e aquilo. E eu penso, o que fariam com aquilo que eu ganho? Se eu vivesse sozinha, não conseguiria sustentar os meus filhos, para não falar no resto, basta apenas isto. Rio-me, não de gozo, mas de pena de mim, de ver o valor do meu trabalho pago à miséria do salário mínimo, e os anos passam e não há escalão, nem valorização de nada. É um zero redondo e um circulo que parece impossível de quebrar. Não é tristeza, é apenas um riso sem som.
Alice Alfazema
Eu compreendo perfeitamente quem trabalha dando exercício ao corpo, eu própria já o fiz. Já trabalhei muito, numa linha de produção, durante seis meses. No entanto, o trabalho que tenho agora cansa-me mais, vocês podem descansar o corpo que no outro dia estão recuperadas, com a cabeça não é o mesmo.
- O que eu gostava de ter um emprego assim.
- Mas, ganham uma miséria!
- Então, mas não levam nada para fazer em casa.
- (E as dores? Ficam no trabalho?)
Agora, em algumas empresas existem cacifos especiais para as pessoas que trabalham de forma não intelectual deixarem os seus cérebros e as dores. No fim da jornada podem recolhe-los sem prejuízo dos mesmos.
Vejam o burro, Camaradas
Esta zebra pequena vestida de lama bonita fofa
Tem quatro pernas de andar aos saltinhos
Duas orelhas ouvidouras de ouvir tudo bem
Dois olhos espertos cheios até às lágrimas de paciência
O nariz do focinho muito fresco e macio.
O burro é burro, Camaradas?
Quem diz que é burro e despreza este companheiro?
Quem quiser ofender-me não me chame de burro
Quem quiser ofender-me não seja tão amável!
Quem quiser ofender-me inventa outra palavra
Porque chamar-me burro lembra-me burro mesmo
E não posso magoar-me com simpatia.
Não estou a defender o amigo útil somente
Não estou a pensar bem deste que faz o seu esforço e puxa
Não penso que ele me ouve tudo e puxa mais forte assim.
Há coisas desde companheiro para pensar melhor e espalhar.
Falo agora somente só pela simpatia.
Mutimati
Alice Alfazema