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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Daqui até ao Natal - 21

08
Set24

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Foto daqui.

Hoje fiquei surpreendida com a notícia  de que a  atleta paralímpica, Elena Congost - depois de correr quase os quarenta e dois quilómetros - ao lado do seu guia, uma vez que a mesma sofre de uma deficiência visual degenerativa, e tem de correr com guia durante a maratona, e sendo que uma das regras é que deve segurar uma corda, ficando ela a segurar uma das pontas e ele a outra.

E foi assim que correu ao longo de quase todo o percurso, no entanto a dez metros metros do fim, ou seja praticamente em cima da meta, e sem ninguém atrás - pois a atleta seguinte vinha a três minutos de diferença - o guia foi-se abaixo e ela tentou segurá-lo, ao fazê-lo largou a corda - gesto esse que lhe valeu a desclassificação e a perda da medalha de bronze. 

E fico a pensar que este mundo está cada vez mais estranho, besta e estúpido.

 

"Gostaria que todos soubessem que não me desqualificaram por fazer batota, mas sim por ser humana e, por um instinto que surge quando alguém está a cair, que é ajudar ou apoiar ...A atleta seguinte chegou a três minutos de mim... foi um acto reflexo de qualquer ser humano segurar uma pessoa que está a cair ao nosso lado. Não tive qualquer tipo de ajuda ou benefício, percebe-se claramente que paro por causa dessa situação. Mas apenas me dizem que larguei a corda por um segundo...Não consigo encontrar nenhuma explicação para isto. Parece tudo tão injusto e surreal..."

Elena Congost, 8 de setembro de 2024, Jogos Paralímpicos Paris 2024

 

Daqui até ao Natal -18

05
Set24

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Claramente o Verão está a terminar, Setembro entra agora como uma flecha no coração do Verão, agonizando as folhas secas e escurecidas caiem das árvores à mais leve brisa, o vento sopra com um som diferente, é o tom da matéria que se consumiu ao sol escaldante dos últimos meses, numa pauta solene caem umas depois das outras, enchendo a estrada de tons dourados e castanhos velhos. Está mais frio,  não quer dizer que venha para ficar em permanência, e que  não apareça mais calor insuportável, mas os dias certamente estarão mais pequenos, e o pôr do sol não terá a mesma preguiça para se ir embora.

É impressão minha ou as andorinhas gritam menos agora, limitam-se a voar, mas não num voo alegre e rápido, circulam apenas em silêncio, foram-se as piruetas e os voos picados rasantes, é uma despedida, como quem prepara a bagagem e confere a ver se nada falta. Talvez nos vejamos para o ano, quem sabe?