Daqui até ao Natal - 21
Foto daqui.
Hoje fiquei surpreendida com a notícia de que a atleta paralímpica, Elena Congost - depois de correr quase os quarenta e dois quilómetros - ao lado do seu guia, uma vez que a mesma sofre de uma deficiência visual degenerativa, e tem de correr com guia durante a maratona, e sendo que uma das regras é que deve segurar uma corda, ficando ela a segurar uma das pontas e ele a outra.
E foi assim que correu ao longo de quase todo o percurso, no entanto a dez metros metros do fim, ou seja praticamente em cima da meta, e sem ninguém atrás - pois a atleta seguinte vinha a três minutos de diferença - o guia foi-se abaixo e ela tentou segurá-lo, ao fazê-lo largou a corda - gesto esse que lhe valeu a desclassificação e a perda da medalha de bronze.
E fico a pensar que este mundo está cada vez mais estranho, besta e estúpido.
"Gostaria que todos soubessem que não me desqualificaram por fazer batota, mas sim por ser humana e, por um instinto que surge quando alguém está a cair, que é ajudar ou apoiar ...A atleta seguinte chegou a três minutos de mim... foi um acto reflexo de qualquer ser humano segurar uma pessoa que está a cair ao nosso lado. Não tive qualquer tipo de ajuda ou benefício, percebe-se claramente que paro por causa dessa situação. Mas apenas me dizem que larguei a corda por um segundo...Não consigo encontrar nenhuma explicação para isto. Parece tudo tão injusto e surreal..."
Elena Congost, 8 de setembro de 2024, Jogos Paralímpicos Paris 2024