A mulher da mercearia
No bairro abriu uma mercearia, coisa pequena. Com pão quentinho duas vezes por dia. Queijo fresco e legumes da zona. A mulher da mercearia mora no bairro, é nova, magra e nunca dizia bom-dia. Mas o negócio transformou-a. Tornou-se sorridente, até trata alguns clientes por tu, numa intimidade até então desconhecida. Os dias passam. No bairro a calmaria do costume. Passou um mês. A porta fechou. Nada disse aos clientes. Nem um bilhete na porta. Nada. Hoje, a mulher da mercearia passa e nada diz. Voltou a ser sorumbática.
Alice Alfazema