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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Várias vozes a mesma história

25
Abr13

 

 

A todos, uma velha história. A cada dia um novo rumo.

 

Nas histórias a que chamam verdadeiras cada um mente segundo lhe convém...

 

Rodrigues Lobo


As mentiras sucedem-se, todos os dias.


 

Ar livre! Que ninguém canta com a corda na garganta...

 

Miguel Torga



A censura de hoje cresce com o medo.


A medo guardo confissão, segredo.

Dúvida, fé. A medo. A medo tudo.

Que já me querem cego, surdo, mudo.


José Cutileiro


Meias palavras, meios recados, meias mentiras.


Ah o Medo vai ter tudo

(Penso no que o medo vai ter

e tenho medo

que é justamente

o que o medo quer)


Alexandre O´Neill



As vidas, os actos, os factos. A visão diária.


Como escutar amor laranja esterco

carência coração

se em volta das palavras há o cerco

de tudo o que não são?


José Carlos Ary dos Santos



A invasão de tudo pelos valores económicos. 


Os ratos invadiram a cidade

povoaram as casas e os ratos roeram

o coração das gentes.

Cada homem traz um rato na alma.

Na rua os ratos roeram a vida.

É proibido ser rato.


Manuel Alegre



A vida continua. A cada dia 24 horas. 


Mas quando nos julgam bem seguros,

cercados de bastões e fortalezas,

hão-de ruir em estrondo os altos muros

e chegará o dia das surpresas.


José Saramago


Que queres que faça? Movo-me.


Cuidado com esses capitães...são ainda muito novos para se deixar comprar...


Marcelo Caetano


O que dizes?


Falo do instante, do momento feito de horas

em que o tempo se suspendeu solene

enquanto se esvaía a noite da repressão

e a manhã clara nascia, incandescente.


Carlos Loures


Que madrugada é esta?


Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitámos a substância do tempo


Sophia de Mello Breyner Andresen


O sofrimento. Antes. Agora.


Para colher um cravo, meu general, desfolhou o nosso povo os pés nos tojos e nos cardos.


Mário Castrim


Quando a conquista de Abril?


É um lindo sonho pra viver

quando toda a gente assim quiser...


José Mário Branco



Nas mãos estão as acções das mulheres e dos homens. A cada acção morre a inércia. Afasta o medo. Ocorre a criatividade. Resulta a energia. As histórias não são velhas nem novas, são histórias, factos transformados por vozes, pelas vozes. 


 

Alice Alfazema

 

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