Radiografia
Reportagem televisiva:
Tema - Obesidade na adolescência.
Nas imagens relatos de uma família que fala da crise e da alimentação que agora fazem. Dois adolescentes dão a cara, não se percebe bem em que idade acaba a adolescência (parece-me no entanto que a deles já foi à algum tempo), e falam do seu dia-a-dia. Dizem que agora fazem as refeições em família, que é melhor que estar em restaurantes cheios de gente, porque podem rir à vontade, e dantes não era assim. Dantes chegavam a casa e tinham sempre encontros e saídas para comer fora. Pelo meio alguém diz que as refeições agora são mais equilibradas e saudáveis e que a despesa do Estado tem aumentado com as doenças relacionadas com a obesidade. O pai reforça que a crise também traz coisas boas e que assim passam mais tempo juntos.
Disto tudo eu gostava que alguém tivesse respondido porque é que comiam fora tantas vezes, se não sabiam cozinhar, se estavam se marimbando uns para os outros, se gostavam mais dos amigos e quem é que educou quem?
Alguém também disse que estávamos a voltar aos anos 80, referindo-se ao comer em família. O que tem de errado isso? Ou será mais acertado o adolescente utilizar a sua casa como se tal fosse um hotel?
A mãe refere ainda que aos mais pequenos pode controlar as saídas e comidas fora, mas aos outros isso não é possível. De repente lembrei-me que lhe podiam ter perguntado se eles lhe obrigavam a dar-lhes dinheiro, isto é, contra a sua vontade, partindo do princípio que sendo adolescentes não trabalham, apenas estudam.
Pensando nisto tudo, lembrei-me ainda na roupa que está lá na escola, à espera que alguém procure por ela, lembrei-me ainda da quantidade de doces que os adolescentes comem todos os dias e que são vendidos ao desbarato num qualquer estabelecimento perto da escola, e lembro-me ainda das latas de bebida energética que mais uns tantos consomem, quem lhes dará o dinheiro? E lembro-me também que dizem que refeição na escola é cara, mas entretanto vão comer num outro sítio qualquer, pagando o dobro. Quem lhes dará o dinheiro?
O melhor é parar por aqui, pois não me quero tornar maçadora...e intrometida.
Alice Alfazema