Pessoas
Ao longe o menino caminha. Vem devagarinho. O mar bate-lhe nos pezinhos. A sua mão pequena sente o calor daquela mão grande, que lhe conduz, que lhe ampara o andar, que lhe protege. E ele feliz, vai devagarinho pela orla da praia, cheia de gente.
Poderemos pensar que estes momentos se apagam com o tempo, não é verdade. Tudo aquilo que fazemos perdura em nós e nos outros. Mesmo que o não consigamos perceber de onde vem e quem o trouxe. Momentos como o deste menino, perdurarão nele, mesmo que ele não o saiba, mesmo que ele não perceba o conteúdo, mesmo que pareça um simples momento. É apenas disto que a emoção é construída, dividida, perpetuada.
As pessoas preocupam-se em resolver coisas complicadas, quando, ainda, nem sabem resolver coisas simples.
O menino há-de crescer e nele levará, sempre, a sensação de calor que aquela mão um dia lhe proporcionou, e guardará no íntimo a lembrança que devagarinho se alcança o longe.
Bom fim de semana.
Alice Alfazema