Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Da destruição à reconstrução

23
Fev25

IMG-20250220-WA0004.jpeg 

Por vezes a vida leva-nos por caminhos que julgávamos impensáveis de percorrer, de repente estamos dentro de uma armadilha colocada bem no meio do nosso quotidiano. E assim, pelo simples facto de não estar preparado para reconhecer certas atitudes de pessoas ditas normais, que até parecem banais, acaba-se por ficar preso num inferno, como que adormecido nas mais básicas emoções, porque "quando falamos de compaixão, devemos ter cuidado com um aspecto porque, se nos confundirmos, acabaremos por pagar um preço demasiado elevado, ou até mesmo impossível de liquidar"

Durante um tempo desvaloriza-se, desculpa-se isto e aquilo, tenta-se a todo o custo compreender o outro, no limite  pode-se chegar ao ponto de ignorar até os próprios pensamentos e mais tarde o corpo. Vive-se então uma destruição total da dignidade humana, que foi construída com imenso esforço, e que leva à anulação da própria essência de forma a que se esqueçam objectivos, crenças, gostos e até sonhos. O prazer dilui-se nesta agonia. Neste pântano de emoções, onde o lodo consegue estagnar completamente as reacções que antes fluíam como um dia que nasce despreocupado e livre.

Na base, existem perguntas que devem ser feitas, mas sobretudo respondidas o mais rápido possível: " O que é que esta pessoa me traz realmente? Porque é que ainda está na minha vida? Faz-me algum bem? Faz-me algum mal? Causa-me algum tipo de desconforto?". 

Talvez porque a resiliência tenha sido sempre um lema de vida, custa a acreditar no que está a acontecer, como é possível permitir, uma e outra vez,  sermos feridos na nossa dignidade? A resposta não é fácil, mas é preciso aprender a seguir em frente, por mais que custe, "porque quando aceitamos totalmente aquilo que não depende de nós e que não está nas nossas mãos, é quando deixamos de tentar modificar o que não pode ser modificado e voltamos a fluir com a vida. É quando começamos a viver de novo." 

IMG-20250220-WA0006.jpeg

As relações tóxicas remetem não só para relações amorosas, como também, para relações de amizade, familiares ou laborais.

Depois de aceitarmos e perceber o que existe, é urgente decidirmos para onde queremos ir a partir desse agora. É muito importante relembrar que as dúvidas e as mudanças provocam sofrimento, mas a vida é uma mudança constante. Lembrar que as experiências boas não nos fazem sofrer, são as más que provocam desconforto e trauma, que depois têm consequências no dia dia, quer connosco quer com os outros.

Somos sempre capazes, a capacidade de seguir em frente é transformadora, não seremos mais os mesmos, seremos certamente mais perspicazes.

Reconhecer que são pessoas que nunca irão mudar, ou que são pessoas que simplesmente não encaixamos, para as quais não merece o nosso precioso esforço, que essa batalha não nos pertence, porque "há pessoas que são boas, mas que acabam por agir de forma infantil, manipuladas por outra. E há pessoas que acreditamos serem boas de verdade, mas cuja única verdade é serem uma mentira".

A violência psicológica nas relações nalgumas vezes não é vista pelos demais, ou então existem véus, uns porque não se querem intrometer, ou porque lhes interessa assistir, ou porque ignoram simplesmente o que se passa, assumem muitas vezes que a vitima tem livre arbítrio e consente deliberadamente. Entretanto no meio deste labirinto está a pessoa que se julgava forte o suficiente para não cair nesta espécie de armadilha.

É importante, cuidar das relações, procurar compreender, saber identificar é fundamental, ter consciência do seu valor pessoal, onde começa e acaba a dignidade de cada um, estabelecer limites a tudo o que nos prejudica ou põe em risco a nossa saúde física em mental.

É importante, sermos e estarmos educados para a autoestima, reconhecer que quando o outro te faz duvidar de ti próprio a nível psicológico, conseguindo manipular ao ponto de levar a questionar a própria realidade, as memorias e até mesmo as percepções - isso é violência psicologia.

Tomar consciência da violência psicológica é ponto de partida para a propria reconstrução.

O texto em itálico pertence ao livro abaixo, o qual aconselho vivamente.

IMG-20250220-WA0001.jpeg 

 

Dor de corno

20
Fev25

Eu quando eu era miúda ouvia muitas vezes esta expressão: dor de corno. Raramente ouvia falar de inveja. Tudo o que estivesse relacionado com inveja, quadrilhice, frustração, ciúmes, mal-dizer, era considerado - dor de corno. Assim fui aprendendo ao longo da vida que existem diversos tipos de cornos. 

 

Para mim faz mais sentido dizer que a pessoa tem dor de corno, do que dizer é frustrada, ciumenta...porque a dor de corno é uma coisa que se carrega, cresce e perfura e continua lá. Já a dor de cotovelo é dor de quem trabalha, só tem dor de cotovelo quem lutou, para mim a dor de cotovelo não é válida na escala da frustração, inveja e outros afins. 

 

Dor de corno é uma sensação animalesca, do mais profundo primitivismo humano, a inveja por outro animal. No entanto a dor de corno não atinge o visado, apenas quem a tem. Se dissermos que somos alvo de inveja poderemos sentir-nos ofendidos e nem compreender o porquê da coisa, mas se pensarmos que somos alvo de dor de corno, a coisa apenas pertence ao outro.

 

A dor de corno é a consciência profunda, nem todos têm acesso a ela, de que se podia caminhar para uma mudança no sentido de largar os cornos e ficar mais aliviado com a situação, mas a pessoa habitua-se tanto à dor que já não se vê sem ela, e lá anda a carregar a dor de corno para cá é para lá.

 

A dor de corno apresenta-se nas mais diversas formas: escrita, falada, muda, espalhafatosa, com humor, com raiva, com sorriso...atinge novos e velhos e até pessoas que se acham a última bolacha do pacote. A dor de corno pode ser encontrada nos diversos estratos sociais, uns podem ter cornos de vaca, outros de antílope. Nas mais diversas profissões, tanto no trolha como no doutorado. A dor de corno aparece sem a pessoa dar por isso, por vezes os cornos são tão pequeninos que nem reparam neles, acusam os outros, riem dos outros, mas quem os carrega são eles.

 

Podem acontecer calcificações de dor de corno, mas é possível viver com elas desde que se faça uma boa manutenção do corno, com massagens de consciência regulares. Por vezes a dor de corno cresce tanto que não há volta a dar, no entanto são conhecidos casos em que os cornos caem à medida em que a experiência de vida avança, aí a dor de corno desaparece e dá-se início a uma outra vida. 

 

Tanto na dor de corno como na vida há esperança. Basta fazer acontecer. 

 

 

 

 

Como ser uma valente Cabra

16
Fev25

IMG-20250208-WA0039.jpeg

2025 - Estamos num mundo onde muita gente tem cascos duros, é coices a torto e a direito, lá diz o ditado que  a Esperança era verde, mas veio um burro e comeu-a, é o que se passa na actualidade, resta pouco em quem acreditar, uma grande maioria de "lideres" que não trazem nada de bom, nem exemplo, nem futuro, parecem cabras pastando eternamente num mesmo terreno, até nada restar, nem raiz, nem semente, alegres e saltitões, de pedra em pedra, marrando e caganitando de olhos esbugalhados. 

 

Que me perdoem as cabras, as verdadeiras.