50 anos de Abril
Celeste Caeiro
Vieste Celeste, assim na aragem
Tal como um astro, astro iluminado
E a tua passagem fosse ela já escrita
Por alguém que dita, com divina mão
De passo apressado, com os cravos nos braços
Os olhos no largo, o olhar fitado
Fizeste dos cravos o símbolo maior
O símbolo sagrado
De cravos ao colo, vai tão intrigada
De olhos pasmados, olhando os soldados
De tanques na rua, enchendo a cidade,
Enchendo a cidade que te pertencia
Quiseste saber o que ali faziam
O que ali faziam de armas parados
E ao responderem armaste-os de cravos
Fizeste poesia
Vem do firmamento por obra divina
Celeste ladina de cravos aos molhos
Que a guerra dos homens também se ajardina
Para ser menos negra à luz dos seus olhos
E foram espalhando, assim os teus cravos
Assim os teus cravos, fuzil em fuzil
Num gesto que foi assim replicado
Assim replicado por toda a cidade
Adultos crianças, homens e mulheres
Já em liberdade, já em liberdade
Espalhando fragrâncias e a rubra cor
A rubra cor dos cravos de Abril
E vão se espalhando, assim os teus cravos
Assim os teus cravos, de Abril em Abril
Num gesto que é assim celebrado
Assim celebrado por todo o país
Adultos crianças, homens e mulheres
Homens e mulheres, soldados, civis
Espalhando fragrâncias e a rubra cor
E a rubra cor dos teus cravos de Abril
Foi do firmamento, por obra divina
Celeste ladina, dos cravos aos molhos
Que todo o Abril ainda ilumina
Para espantar o negro que nos surja aos olhos
Rogério Oliveira-voz
Marco Ferreira-piano
Isa Peixinho-flauta transversal
Letra e Música de Rogério Oliveira
Arranjo e direção musical de Marco Ferreira
Produção de José Salgueiro Álbum “Génese” Boémia 2023