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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

A maldade está-nos nos genes, lideres religiosos com bondade especial

17
Jun22

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Pintura Alai Ganuza

Neste tempo incerto das cerejas, sento-me no sofá,  tal como quem se sentava numa arena da era romana, na televisão passam as imagens da guerra que dura há meses na Ucrânia, um espiráculo especial da autoria de Putin e seus seguidores, a carnificina aumenta de dia para dia, dando lugar a uma sensação de normalidade ao sofrimento infringido àquele bravo povo, vemos pelas imagens que raramente aquelas pessoas choram, que manifestam coragem em prosseguir com as suas vidas, muitas das quais não têm mais do que escombros, parece-me então fútil reclamar sobre a temperatura dos dias, ou do cansaço do trabalho, ou até do aumento dos preços dos bens essenciais.

De todos os animais neste planeta, provavelmente seremos a única espécie que encontra a sua felicidade no sofrimento alheio. Se nos tivéssemos de descrever como espécie perante extraterrestres não sei como seriamos capazes de justificar tamanha malvadez, ou a maldade especial de certos lideres religiosos (?).

 

 

Os seus atos segundo as palavras dos outros

16
Jun22

 

 

Chegou o tempo das cerejas, estão tão vermelhas e caras as cerejas, daqui a algumas semanas estaremos no tempo dos caroços.

Fico sempre maravilhada com o discurso das pessoas, mas são raras as que conseguem manter um discurso fresco a longo prazo, será que o discurso das pessoas são como as cerejas (?), depois de um certo tempo resumem-se a caroços, e por mais que uma pessoa se esforce ao fim de um certo tempo o seu discurso torna-se monótono e velho. Assim, a novidade não flui por muitas palavras novas que se acrescentem, talvez isso tenha a com a palavra ser designada apenas da boca para fora, sem a necessidade de praticar os actos. Segundo as pessoas que conheço e outras em que sigo o seu discurso, as que praticam o discurso fácil e rico, são muitas das vezes incapazes de praticar os seus actos segundo as suas palavras, é como se as palavras estivessem a um nível de mundo virtual, em que não existe a necessidade de demonstrar fisicamente aquilo que se proferiu. 

Neste tempo em que vivemos o valor da palavra é demasiado breve. Depressa essa palavra se torna numa mentira, desestabilizando deste modo as regras e os alicerces da nossa sociedade, levando as pessoas ao desalento por não saberem com o que contar, o fabrico da imprevisibilidade do presente cria pessoas frágeis e fáceis de ludibriar, gerando um caldo muito apetecivel para os que estão à espreita. 

E como o valor da palavra é baixo, o sentido critico da palavra dilui-se, não havendo distinção entre uma opinião e um mal-dizer, podemos verificar isso através das inúmeras "opiniões" deixadas nas caixas dos comentários das diversas redes sociais, validamos desde o escárnio ao sarcasmo nojento como opiniões, aceitando como certo que as pessoas que as proferiram tem-nas como de grande valor, tal como uma jóia ou um pechisbeque ambas tem a mesma cor, no entanto há algo que as separa profundamente - o seu valor e a estabilidade que nos pode dar.

 

Pintura de várias vidas

09
Jun22

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Pintura de Paula Rego

Ontem morreu a Paula Rego, fenomenal na arte de desenhar a realidade em bruto, mas ontem também soube que morreu a Teresa, e que já lá vão quatro anos, não me lembro da cara da Teresa, nem da sua voz, há muitos anos que não nos víamos, morreu ainda jovem a Teresa, deixou três filhos que não conheço, da Teresa apenas, e é um apenas tão grande, me lembro dos dias incontáveis de brincadeiras em conjunto, das ideias infantis levadas à realidade, das corridas loucas pela encosta abaixo, tendo nas costas a Arrábida, e na direita o Sado e o Atlântico.